terça-feira, 19 de outubro de 2021

A Roma hodierna abandona suas fronteiras aos neo-bárbaros

Saque de Roma
Saque de Roma
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Os EUA gostam de se considerar a Roma do século XX. Mas, a incompreensível retirada de Cabul acabou se parecendo com o fim do grande império da antiguidade, escreveu o colunista do “The New York Times” Ross Douthat.

Os combatentes do Taleban, em verdade sem combater muito, assumiram o papel dos godos que adotaram partes da cultura romana enquanto derrubavam o império dos Césares.

O mundo pós-americano não desapareceu definitivamente, da mesma maneira que a cultura romana não se extinguiu em 476 d.C.

Os restos desse império ainda ficam compondo três aéreas de civilização.

Primeira, o império interno americano que é seu território continental com seus satélites do Pacífico e do Caribe.

Segunda, o império externo composto pelas regiões reconstruídas após a 2.ª Guerra, como a Europa e o Japão.

Terceira, o império mundial, que existe culturalmente onde quer que alcance o poder comercial e cultural dos EUA.

Este terceiro império é a conquista mais marcou culturalmente o século XX.

Tumulto no aeroporto de Cabul
Tumulto no aeroporto de Cabul
Por isso, a mais clara derrota em Cabul foi o da ideia de um império cultural mundial subproduto inevitável do império comercial.

É claro que houve outros tipos de fracasso, como as tentativas de americanizar países rivais – a Rússia e a China – que afinal enfraqueceram o império cultural global americano.

Mas hoje, a situação se parece com as derrotas para as tribos germânicas nas fronteiras remotas mais do que o colapso total do império.

O império americano não pode ser derrubado pelo Taleban. Mas, na Europa e na Ásia, a percepção de fraqueza dos EUA pode acelerar eventos que sempre ameaçam o sistema americano.

O próprio império interno já estava tomado por uma sensação de declínio e agora sofreu um golpe incompreensível.

É de se temer as consequências da retirada desastrosa de Cabul.

Esse medo aponta para uma dura verdade: as pessoas podem achar que os EUA estarão melhores sem um império externo.

Mas existem poucos caminhos de volta ao status de nação comum que não envolvam um tombo realmente violento.


Um comentário:

  1. Excelente artigo, como todos aqui.

    A América do Norte (US), está minada lá dentro, por isso, a retirada desastrosa de Cabul, do Afeganistão. Isso já aconteceu antes, quando o "movimento hippie", mais uma frente patrocinada pela esquerda mundial; minou a participação dos US na Guerra do Vietnã, que, com todos os defeitos de uma guerra de invasão, era justa, pois buscava evitar o avanço comunista ( patrocinado pela União Soviética e a China...), no Sudeste Asiático. Com o lema: "faça amor, não faça guerra", sendo esse "amor", sexo desenfreado; a população norte-americana, influenciada pelo tal movimento hippie, condenou a Guerra do Vietnã, forçando o governo americano e retirar gradualmente as tropas do Sudeste Asiático, igual aconteceu agora no Afeganistão. Com isso, os comunistas dominaram o Vietnã, Camboja e Laos.

    Nisso sempre tem dedo dos comunistas! O Islã, como o comunismo lá atrás no Vietnã, ganhou força, após a retirada dos americanos do Afeganistão.

    A esquerda é muito forte nos Estados Unidos, hoje. Por isso, Biden é o presidente e existem vários governadores também de esquerda no país.

    Quando o enfraquecimento começa dentro do país, como aconteceu com o Império Romano, a derrota futura começa ser uma realidade, neste caso, tristemente, pois os Estados Unidos é uma forte resistência ao avanço do comunismo e do Islã no mundo.

    Repito o que já escrevi antes: quando as pessoas ( e governantes saem dos membros de uma nação...), se afastam de Deus, o mal sempre avança com rapidez.

    Que a Santíssima Trindade nos proteja de todo o mal. Amém.

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