Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Orelha, sobrancelha, queixo, nariz, bochechas, língua — tudo serve.
A moda de incrustar objetos no corpo é a moda da dor e da infelicidade.
Mais assustador é o fundo moral e psicológico que ela revela.
Um historiador da arte, Denis Bruna, pesquisou antecedentes no mundo cristão.
No pagão, não precisava, pois índios americanos e selvagens africanos ainda costumam deformar o corpo com artifícios até mais sádicos e supersticiosos.
Em pinturas do fim da Idade Média, Bruna descobriu indivíduos com a face traspassada com anéis, cadeias, penduricalhos ou broches.
Numa Via Crucis de Hieronymus Bosch, os carrascos de Nosso Senhor aparecem com piercing, com o rosto furado por anéis. Uma parteira histérica, um velho lúbrico e infiéis também portam esses piercings como estigmas de infâmia.
Dois mil anos depois da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, a humanidade que recusou a Igreja e a Civilização Cristã disputa, para cravar em suas carnes, os sinais que outrora os pintores punham nos torpes semblantes dos carrascos que atrozmente crucificaram o Cordeiro sem mancha, nosso Divino Redentor.