quarta-feira, 30 de março de 2022

Igrejas viram empresas virtuais por dinheiro

Igrejas de toda denominação fecham por falta, em verdade de Fé
Igrejas de toda denominação fecham por falta, em verdade abandono da Fé
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Segundo matéria do “The Economist”, o vigário, o rabino ou o imã enfrentam hoje o mesmo agudo problema: seus templos não são mais frequentados, tamanho é o abandono da religião e progresso do materialismo.

A pandemia acelerou a mudança dando a muitos a desculpa para parar de aparecer. E os religiosos aproveitaram para transferir seu ministério sacerdotal para serviços virtuais como Zoom.

Agora, os prédios reabrem, mas os fiéis retornam tacanhamente. Prevalece o abandono do sobrenatural e triunfa a adoração da saúde material.

Muitas organizações religiosas liquidam suas propriedades. Igrejas vão à falência. Os economistas julgam os grupos religiosos como empresas que visam o retorno como fariam açougueiros, padeiros e cervejeiros.

A comunidade dos fiéis é substituída por marqueteiros religiosos
A comunidade dos fiéis é substituída por marqueteiros religiosos
A religião passou a ser explorada nos templos como um marketing, loja ou “indústria” para encher contas bancárias.

O ateísmo imperante manipula a religião como um objeto de mercado e manda a fé para baixo talvez como nunca. Do lado da demanda, as igrejas do mundo ocidental estão sofrendo com a secularização global. Mas essa começou muito antes da pandemia.

Nos EUA os cidadãos que se identificam como cristãos caíram de 82% em 2000 para menos de 75% em 2020.

Segundo a última pesquisa da World Values Survey, cerca de 30% dos americanos assistem a um serviço religioso uma vez por semana. Isso é muito pouco. Eram 45% na virada do milênio.

As congregações apelam a qualquer atração para reunir seguidores e doadores. Apareceu a “missa Harry Potter”, a “missa do tropeiro”, etc., etc.

Para Roger Finke, da Pennsylvania State University, as “religiões” hodiernas visam os gostos dos consumidores.

O Milton Keynes Christian Center na Grã-Bretanha, faz cursos de educação religiosa e grupos de oração online e presenciais, criou um banco de alimentos e abriu uma “suíte sensorial” para crianças.

Foi-se o amor enlevado por Jesus, Maria, os anjos e o santos.

Os fiéis “pulam de igreja”, trocado de denominação ou do padre/pregador/milagreiro/ popular presencial ou virtual, ou como se Deus ou o diabo dessem na mesma.

A religião organizada trata seu público alvo como fazem os proprietários de shoppings, e escritórios vagos ou empresas on-line. Eles repensam sua propriedade em termos monetários.

Cessa a reunião dos fiéis no culto a Deus
Cessa a reunião dos fiéis no culto a Deus
Durante séculos as religiões como a católica reuniram riquezas na forma de propriedade para pô-las à serviço do culto, dos pobres e da educação.

Agora o Vaticano especula com milhares de prédios nas áreas mais chiques de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia joga em Hollywood com prédios que valem US$ 400 milhões, um castelo de estilo medieval na África do Sul e uma mansão do século XVIII em Sussex, Inglaterra.

As instituições religiosas menores também compram e vendem propriedades em aras de sua riqueza terrena. Templos, sinagogas e mesquitas abrem os olhos com o aumento dos preços dos imóveis.

Mas 200 prédios construídos para a glória de Deus na Grã-Bretanha fecharam por ano na última década. Centenas podem ser vendidos ou demolidos. Nos EUA, dezenas de milhares de prédios podem fechar para sempre. Quase um terço das sinagogas americanas fechou nas últimas duas décadas.

A igreja gótica de Santa Maria em Berlim, cheia de afrescos e relevos de pedra de séculos têm os bancos vazios.

Para o pastor luterano Gregor Hohberg os jovens berlinenses satisfazem suas “necessidades religiosas” com ioga e meditação oriental. O público não quer casais homossexuais e pastoras.

O abandono dos templos exige reparos urgentes proibitivos. A Igreja da Inglaterra precisa de £ 1 bilhão (US $ 1,3 bilhão) – mais de sete vezes sua receita anual em 2020 – para reparos nos próximos cinco anos.

Nos EUA as despesas com os edifícios representam mais de um quarto dos orçamentos. E as igrejas do país têm 80% mais espaço do que precisam.

A igreja se esvaziou, só ficou um contato etéreo não presencial. Isso é Igreja
A igreja se esvaziou, só ficou um contato etéreo não presencial. Isso é Igreja?
Assim, os grupos religiosos vendem suas propriedades ou as exploram para outros usos para elas.

As Testemunhas de Jeová com 9 milhões de adeptos venderam sua sede britânica. A Sentinela Hillsong, uma megaigreja australiana aluga teatros, cinemas e outros locais para os cultos de domingo.

Outra abordagem mais empresarial consiste em que se sua denominação ou nome marketeiro não prospera, então vai e funda outra.

O pastor Jim Tomberlin, que também é consultor com sua congregação hipotecada em US$ 450.000 se fundiu com outra congregação. “Os adeptos e doadores reconheceram que ou nos fundimos ou morremos”.

Cessado o contato com Deus, só fica a diversão disfarçada de religião
Cessado o contato com Deus, só fica a diversão disfarçada de religião

A tendência começou antes da Covid e não é motivada pela teologia, mas pelo fluxo de caixa, entre católicos romanos, sinagogas e outras religiões. Mas é mais comum entre as igrejas protestantes.

É um negócio, mas estouram brigas por dinheiro entre os líderes “religiosos”. Nas fusões perdem-se seguidores mas quase mil líderes de igrejas passaram por uma fusão na última década.

Como resultado de fusões surgiram cerca de 1.750 “megaigrejas” protestantes com mais de 2.000 participantes regulares e orçamentos multimilionários.

Os economistas pensam que a competição religiosa é saudável, porque esquecem a fé. O vírus fez com que instituições piedosas olhassem um balanço de seus ativos comerciais e esquecessem os espirituais.

Não é isto a gargalhada satânica do triunfo do ateísmo? 

Pode se achar que esse ambiente não atrai os castigos anunciados em Fátima?


terça-feira, 15 de março de 2022

Arte moderna: insensatos atentados contra a saúde e o bom juízo

Engenheiro moderno terá que pagar indenização pelos ferimentos que causa sua 'famosa' ponte de vidro
Engenheiro moderno terá que pagar indenização pelos ferimentos que causa sua 'famosa' ponte de vidro
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Nova condenação por inépcia caiu sobre o arquiteto espanhol Santiago Calatrava, fautor de inúmeras obras de vanguarda.

O Tribunal de Contas de Veneza condenou-o a indenizar o erário público em cerca de 78 mil euros por cometer erros culpados que aumentaram o valor da construção da ponte da Constituição, escreveu “Isto é”.

A ponte de quase 100 metros de comprimento foi construída em aço e vidro e inaugurada em 2008 na famosa cidade italiana.

Mas, gerou controvérsias desde que o início, tanto por sua forma quanto pelo custo, que passou de 7 milhões de euros a 11,6 milhões de euros.

A decisão do tribunal, datada de 6 de agosto 2021, condena Calatrava por “macroscópica negligência” que encareceu a obra, principalmente que desde que foi aberta precisou ser modificada em diversas ocasiões.

terça-feira, 8 de março de 2022

“Modernização” da Igreja: padres somem, seminários fecham, missas acabam e fiéis apostatam

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Mais de 21% do clero da Irlanda – párocos e irmãos em serviço ou aposentados – morreram em apenas os últimos três anos, sem quase terem substituição informou “Irish Examiner”.

A Associação dos Padres Católicos diz que as paróquias terão que ser fusionadas, as igrejas fechadas e as missas diminuídas em número.

O padre John Collins, um dos diretores da ACP, disse: “Os números são chocantes.

“Todos estamos cientes do envelhecimento da população sacerdotal, mas é somente quando você olha para os números que percebe o alto número que é.

“Esta é uma ilustração verdadeiramente chocante”.


Ele acrescentou que o número dos óbitos sacerdotais “só vai continuar aumentando” a cada ano, essencialmente pela ausência de novas vocações e esvaziamento consequente.

A Irlanda foi um país famoso pela sua catolicidade que enviou gloriosamente muitos missionários ao mundo inclusive para a América do Sul.

Mas, com a revolução do período pós-conciliar, o número de sacerdotes diocesanos vem caindo regularmente. Eram cerca de 2.067 em 2014, porém com uma crescente proporção de sacerdotes com idades entre 75 e 84 anos.

No final de 2018, só ficavam por volta de 1.800 padres exercendo o ministério além de cerca de 720 padres aposentados.

Segundo o Diretório Católico Irlandês, que é publicado pela Conferência dos Bispos Católicos Irlandeses em 2019 morreram 166 padres e irmãos e também 174 freiras.

Em 2020 outros 223 padres e irmãos além de 191 freiras também pereceram. Até setembro de 2021, faleceram 131 padres e irmãos além de 131 freiras.

Funerais de sacerdotes na Itália
Funerais de sacerdotes na Itália
Nem todas as ordens religiosas ou dioceses relatam a morte de seu clero ao órgão episcopal. Por isso, o site Rip.ie acrescenta pelo menos outros 36 padres, 5 irmãos e 76 freiras e religiosos falecidos entre outubro de 2021 e 4 de janeiro de 2022.

O “Irish Examiner” informou que o número de padres deve diminuir ainda drasticamente nos próximos meses, por pedidos de aposentadoria acumulados. Na Diocese de Cork e Ross, se aguarda que perto de 11 padres se aposentem nos próximos três anos. Nove dos 94 párocos da diocese têm mais de 75 anos.

O padre Tim Hazelwood, da diocese de Cloyne, da Associação de Padres Católicos, disse: “O Covid-19 acelerou a mudança e, uma grande mudança vai acontecer e as igrejas vão fechar”.

“Infocatólica” noticiou que o arcebispo de Dublin, a capital irlandesa, explicou que só há dois noviços no seminário.
A suposta “modernização” da Igreja católica não só reduziu o clero à sua última expressão numérica, mas também devastou as fileiras dos fiéis, afastando-os em lugar de atrai-los.

É o que acontece na Áustria, por exemplo, onde segundo as últimas estatísticas publicadas o 12 de janeiro de 2022, 72.055 pessoas deixaram formalmente a Igreja em 2021, contra 58.727 em 2020 e 67.794 em 2019, divulgou “Infocatólica”.  

A população total desse país também outrora um baluarte da catolicidade é de quase 9 milhões de habitantes, mas hoje os católicos são quase a metade ou 4,83 milhões em 31 de dezembro de 2021.

Os administradores das dioceses austríacas tal vez não estejam tão descontentes porque o sistema de impostos aumentou a contribuição obrigatória à Igreja de € 481 milhões (US$ 546 milhões) em 2019 para € 484 milhões (cerca de US$ 550 milhões) em 2020, em decorrência do aumento da receita tributária do governo.

Os católicos pagam cerca de 1,1% de sua renda tributável à diocese local dentro do sistema do imposto da renda, o que equivale a 75% da entrada anual da Igreja.

Houve uma queda significativa no número de batismos atribuída ao temor da pandemia, mas que também revela um grau importante de desinteresse pela salvação da alma dos filhos.


terça-feira, 1 de março de 2022

Grandes bancos de Nova Iorque querem trabalho presencial

Perigos de dissipação latentes no teletrabalho
Perigos de dissipação latentes no teletrabalho
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O teletrabalho especialmente multiplicado pela pandemia não trouxe senão muito parcialmente os benefícios que prometia e atraiu assustadoramente males inesperados.

Por isso, muitos funcionários de todos os níveis decepcionados com os danos percebidos voltaram assim que puderam ao trabalho presencial.

Os prejuízos foram percebidos na vida familiar, na ausência de privacidade no lar, da falta da psicológica distinção entre trabalho e casa, na desconexão entre os funcionários, a carente relação com o cliente, do relacionamento indispensável com chefes, colegas e subalternos, etc.

Também os diretores de empresa perceberam as perdas causadas ao bom funcionamento delas.

O retorno ao trabalho presencial virou então um dos mais fortes temas de debate nas empresas americanas.

Exemplo característico foi oferecido pelo presidente-executivo do banco Morgan Stanley, James Gorman. Ele avisou aos funcionários: “se você pode ir a um restaurante em Nova York, então pode ir ao escritório e queremos você no escritório”, narrou “La Nación”.

Numa conferência de serviços financeiros, Gorman disse que ainda não havia ordenado aos funcionários voltar ao escritório, mas tinha enviado uma mensagem “muito forte” exprimido seu desejo de vê-los em suas mesas.

Acrescentou que ficaria “muito decepcionado” se os trabalhadores desse gigante das finanças não voltassem aos seus empregos para o Dia do Trabalho, que nos EUA é comemorado em 6 de setembro.

Se não for assim, alertou: “então, se não, teremos um tipo de conversa muito diferente”. O aviso foi bem duro num ambiente onde não prevalece a caridade católica.

O cartaz promete 'estamos aqui para ajudar'. Mas, se o cliente entra e não encontra o funcionário que precisa
O cartaz promete 'estamos aqui para ajudar'.
Mas, se o cliente entra e não encontra o funcionário que precisa?
Gorman garantiu que não veria com bons olhos os funcionários que desejam realizar seu trabalho remotamente desde lugares como a Flórida ou o Colorado. Ele lembrou se querem ganhar seu salário nos patamares de New York devem trabalhar lá.

O chefe do Morgan Stanley tem ponderadas razões.

Ele observa que trabalhar no escritório é especialmente importante para os funcionários mais jovens, que ainda estão treinando para aprender as funções. É no trabalho que eles aprendem todos os jeitos e sutilezas da função.

Mas o Morgan Stanley não é o mais radical no pelotão de grandes bancos que querem seus funcionários de volta no tradicional escritório.

Quase todos os funcionários da sede em Nova York do banco múltiplo Goldman Sachs foram convocados a retornar às suas mesas.

O CEO dessa empresa, David Solomon, deu um ultimato aos trabalhadores da empresa, avisando que aqueles que não voltaram ainda tinham um breve prazo para resolver as dificuldades para voltar ao local de seus empregos.

Solomon já qualificou o trabalho remoto de “uma aberração”.

O maior banco dos EUA, o JP Morgan Chase, aconselhou seus bancários a prepararem o retorno ao escritório no período de um mês.

Muitos deles anseiam pelo retorno aos escritórios, as iniciativas das empresas para trazê-los de volta às suas matrizes obrigam a alguns a mais rearranjos de suas vidas.

Onde está o ambiente de trabalho. O chefe quer ver os funcionários trabalhando mas não sabe se estão num bar.
Onde está o ambiente de trabalho?
O chefe quer ver os funcionários trabalhando mas não sabe se estão num bar.
Os chefes temem que suas equipes sejam menos competitivas se não retornarem logo, mas os trabalhadores que completaram o tempo em casa com outras atividades podem perder a flexibilidade adquirida.

Também os funcionários mais jovens e solteiros tem mais facilidade para voltar mais cedo e aproveitam a ocasião para estabelecer melhores conexões com executivos e clientes.

Nas grandes finanças americanas há exceções. Por exemplo, o Citigroup facilitou as opções a seus funcionários que se mostrem capazes de adotar um estilo de trabalho híbrido entre casa e escritório no longo prazo.

Sua CEO, Jane Fraser, ainda acredita na flexibilidade em relação aos trabalhadores, e o Bank of America não prevê um retorno massivo de funcionários aos escritórios de imediato.

Muito ainda vai se falar do problema do teletrabalho. Mas a boa ordem pede uma adequação do ambiente do trabalho à psicologia das pessoas.

Cria-se imperceptivelmente um conjunto de causas e efeitos psicológicos e ambientais que se entrelaçam por vezes de um modo tão rico e inesperado, que ninguém poderia imaginar.


Há relacionamentos implanejáveis cheios de imponderáveis, que nascem do contato espontâneo e vivo das pessoas e marcam a fundo o ambiente de trabalho e produção. O instrumento digital não é capaz por si só de cria-los, como tampouco, vamos dizer uma máquina de escrever ou um grampeador.

Chefes e funcionários não funcionam como objetos inertes num esquema eletrônico. Os seres vivos não podem ser organizar como uma equação e esse um dos mais sofridos riscos do relacionamento, inclusive de trabalho, meramente cibernético.