As crianças tiveram perdas educativas mensuráveis com o tele-ensino |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Quando as aulas foram fechadas pelo Covid-19 os professores – especialmente nas escolas primárias – tiveram dificuldade para se comunicar com seus alunos.
WhatsApp, Zoom, smartphones e novidades pareceram uma panaceia. Porém, durou pouco. Os contatos entre alunos e professores tornaram-se mais espaçados e entrou o que alguns especialistas falam do “efeito fadiga”.
Também entre os adultos a comunicação digital perdeu interesse e intensidade com o avanço da pandemia. Ficou mais comum desligar a câmera e sentir “algum estresse” resultante dos Zooms sucessivos, noticiou “Clarín”.
O Observatório Argentino pela Educação conferiu que a comunicação diária entre alunos e professores em escolas de ensino fundamental estaduais caiu 11% entre junho e novembro.
51% dos meninos estavam online diariamente em junho, mas só 40,1% em novembro.
Sandra Ziegler, pesquisadora de Flacso Argentina uma das autoras do estudo, junto com Víctor Volman e Federico Braga, constatou que a teleducação “produziu uma ruptura de duas funções sociais da escola: disciplina e aplicação. A queda de 11% no contato professor-aluno patenteia vínculos pedagógicos deteriorados”, considerou.
O estudo também constatou que a proporção de alunos que consagram mais de 3 horas por dia às atividades escolares diminuiu 6,5 pontos: de 52,2% para 45,7% no período.
Sociedade Argentina de Pediatria: “o retorno presencial às escolas é fundamental” |
A proporção de famílias que consideram que seus filhos estão perdendo o aprendizado aumentou em quatro pontos percentuais. Passou de 62,7% para 66,7%.
O que significa que hoje quase sete em cada dez pais no país percebem essa perda de aprendizado.
A Sociedade Argentina de Pediatria (SAP) em duro relatório defende que “o retorno presencial às escolas é fundamental” e increpou o governo por bloqueá-lo.
“É indiscutível que a escola é essencial para o desenvolvimento e bem-estar das crianças, não só para a aquisição de conhecimentos, mas também para o fortalecimento dos aspectos emocionais e sociais, saúde e atividade física”, registrou “La Nación”.
A escola é “um lugar seguro” e “não pode ser relegada nem os direitos das crianças anulados”, alegando a pandemia, concluiu.