Bombardeio de mensagens digitais prejudica produtividade |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A dificuldade de se concentrar no trabalho por causa dos e-mails, mensagens e notificações de redes sociais, a perda de tempo assistindo a vídeos virais está causando estragos no trabalho.
Para fugir do cerco da tecnologia que lhes impede concluir o trabalho um número crescente de pessoas que querem ser mais produtivas e recuperar o equilíbrio mental, acharam uma solução, explicou “La Nación”.
Susie Alegre, por exemplo, bloqueia o acesso de seu celular às redes sociais pelo tempo que ela precisar.
Ela é uma advogada baseada em Londres, que diz que desta forma se concentra melhor, eliminando as distrações.
“É incrivelmente difícil ter um smartphone e não perder um tempo significativo apenas por pura força de vontade”, reconhece.
Alegre usa o aplicativo Freedom (“liberdade”) que permite escolher as redes sociais e sites a ser bloqueados ou desconectados completamente. Ela seleciona o tempo do bloqueio em horas e minutos, que pode alterar ou cancelar.
Outros aplicativos semelhantes são ColdTurkey, FocusMe e Forest.
Pelo aumento de popularidade deste método e pela maior produtividade obtida foi chamado de “modo monge” porque implica dedicar-se a uma única tarefa sem a intrusão de tecnologia ou outras distrações.
No TikTok os vídeos rotulados #monkmode já haviam acumulado mais de 77 milhões de visualizações e aumentavam.
Alegre elogia o “modo monge” porque a ajudou a se concentrar na escrita de seu livro “Liberdade para Pensar”, publicado no ano passado.
A advogada Susie Alegre apelou ao 'modo monge' para poder escrever Freedom to Think |
Ela aponta numerosos estudos que destacam a natureza viciante da vida digital. “Você recebe um ping em um dispositivo e isso cria um circuito aberto”, diz Marshall.
“Nosso cérebro quer fechar esse ciclo olhando para a notificação porque recebemos uma injeção de dopamina [uma substância química natural liberada no cérebro que nos faz sentir bem] quando fechamos o ciclo.”
Marshall acrescenta que as interrupções por e-mail no trabalho são problemáticas.
“A tecnologia é instantânea, com e-mails e aplicativos como Slack, Microsoft Teams e mensagens. As pessoas muitas vezes sentem que a expectativa é que respondam instantaneamente.”
“Não se trata apenas do aspecto concentração e produtividade, trata-se também do impacto na saúde mental”, diz Marshall.
O fundador de Freedom, Fred Stutzman, explica que o aplicativo tem mais de 2,5 milhões de usuários em todo o mundo.
A Meta, proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, emprega centenas de doutores e cientistas comportamentais para tornar o aplicativo mais sedutor e excitante.
Por isso Stutzman se orgulha de “usar a tecnologia para resistir à tecnologia” porque as Big Techs empreenderam “uma luta contra a pessoa comum que não é justa.”
Diz-se que as plataformas mais bloqueadas são Instagram, Facebook e Twitter.
Vladimir Druts, cofundador da FocusMe, argumenta que o vício em mídias sociais deveria ser levado mais a sério. “A sociedade acha que só as drogas ou jogos de azar são vício. Mas muitas vezes não percebemos que estamos viciados em nossos dispositivos e em nossas muletas digitais.”
Druts interpreta o “modo monge” como um movimento contra o desejo constante de gratificação instantânea.
Com a ascensão da inteligência artificial (IA), no futuro as distrações da tecnologia só vão aumentar, diz Druts.
“A IA está simplesmente aumentando a quantidade de conteúdo disponível”, afirma ele.
“Veremos um crescimento exponencial de aplicativos competindo pela sua atenção. O “modo monge” definitivamente ficará mais forte.”