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Smartphones destroem a formação das crianças |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Nenhuma criança francesa poderá usar celular antes dos 11 anos e não terá acesso às redes sociais até os 15.
O governo da França motivou a decisão na vontade de protegê-las das más consequências danosas verificadas pelos cientistas, informou
“Clarín”.
Especialistas entregaram um relatório de 125 páginas ao Presidente da República, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, alertando para os perigos que o acesso precoce implica para as crianças, os seus hábitos sociais, a violência multiplicada, o abandono da leitura, a obesidade patológica, e a perda da sociabilidade.
Atualmente na França é proibido o uso de dispositivos LCD nas escolas e universidades, mas apenas para os estudantes.
O pessoal de gestão, bem como as equipes educativas estão obrigados a dar o exemplo de uma utilização razoável dos seus dispositivos de comunicação, para que os alunos compreendam a medida e aprendam a usá-los bem.
O referido relatório pericial recomenda proibir o uso de telas para crianças menores de três anos e de telefones celulares para menores de 11 anos.
Também limita estritamente o acesso aos adolescentes. Foi entregue ao governo francês em 29 de abril de 2024.
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Técnicas desenvolvidas para capturar a mente das crianças |
No estudo, os autores especialistas informaram Emmanuel Macron sobre os danos da exposição das crianças às telas e às redes sociais. Eles falam da “hiperconexão que as crianças vivenciam”.
O trabalho é assinado por uma comissão de dez especialistas co-presididos pelo neurologista Servane Mouton e pela psiquiatra de dependência química (drogas) Amine Benyamina.
Sem desconhecer os fatores positivos das tecnologias digitais quando usadas com moderação, o estudo reconhece que “como tudo o que é moldado pelo homem,
a tecnologia também tem a capacidade de ser usada para confinar, alienar e subjugar crianças”, adverte o preâmbulo do relatório.
Após três meses de trabalho, a Comissão ficou convencida de que “era necessário adotar um discurso de verdade para descrever a realidade da hiperconexão que as crianças vivenciam e as
consequências para a sua saúde, o seu desenvolvimento, o seu futuro e também para o nosso futuro. A da nossa sociedade, a da nossa civilização e talvez até a da nossa humanidade”, continuaram.
“
A Comissão ficou chocada com as estratégias para captar a atenção das crianças, para prender as crianças aos seus ecrãs, controlá-las, reengajá-las e monetizá-las”, estratégias essas desenvolvidas pelas Big Techs donas das redes sociais.
“
Nossos filhos viraram mercadoria, é o novo eixo de desenvolvimento de algumas empresas digitais. Queremos dizer-lhes que os vimos e que não podemos permitir que façam isso”, continuaram.
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Cessa o relacionamento e a sociabilização |
“Esta migração da realidade para a virtualidade, é muitas vezes sem os pais e sem qualquer tipo de segurança. Devemos apoiá-los melhor, protegê-los melhor, devolver-lhes o seu lugar”, acrescentam.
As crianças precisam brincar, precisam que os adultos esqueçam o celular para terem tempo livre.
“Eles
precisam interagir com os adultos e encontrá-los disponíveis, em casa, nos parques, durante as suas atividades, nas cidades e no campo”, escreveram.
“Perante a
mercantilização das nossas crianças, a Comissão propõe recuperar o controle dos ecrãs, devolver as crianças ao centro da nossa sociedade e permitir-lhes crescer e ter sucesso em total liberdade. O que torna uma nação rica é a sua juventude, e a nossa não está à venda”, concluíram.
A saneadora proposta da Comissão não é fruto de um grupo mas de uma opinião geral entre os educadores, médicos e sociólogos.
“
Surgiu um consenso muito claro sobre os efeitos negativos, diretos e indiretos, dos ecrãs, particularmente no sono, no sedentarismo ou mesmo na miopia”, afirma o relatório.
O trabalho foca os danos das redes sociais ao equilíbrio psicológico dos jovens, em particular nos riscos de depressão ou ansiedade.
“O nível de exposição das crianças” a conteúdos pornográficos e violentos “parece alarmante”, e esse é outro mal para o qual alertam os especialistas.
As crianças menores de três anos não podem ter contado com as telas eletrônicas. Posteriormente, entre os três e os seis anos, deve se proceder a um acesso “muito limitado”, “com conteúdos educativos de qualidade e acompanhados por um adulto”.
Os especialistas apelam ainda a “limitar ao máximo” o uso desses eletrônicos e das televisões nas maternidades, recomendam proibi-lo em creches e salas de aula infantis e pedem “ações reforçadas” interditar brinquedos conectados antes dos seis anos de idade.
O uso dos celulares deveria começar a partir dos 11 anos, apenas da função de telefone sem internet.
A partir dos 13 anos poderia se dar um smartphone sem acesso às redes sociais.
O
acesso deveria se iniciar a partir dos 15 anos, nas redes “éticas”.
Redes sociais como TikTok, Instagram ou Snapchat não são recomendadas antes dos 18 anos.
Hoje, jovens de 7 a 19 anos passam dez vezes mais tempo em frente às telas do que lendo.
Os especialistas pedem combater os “serviços predatórios” dos agentes económicos, e “investir maciçamente em verdadeiras 'alternativas' aos ecrãs”, como o esporte.