quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Da invasão migratória à guerra civil

Enfrentamentos étnicos em Londres
Enfrentamentos étnicos em Londres
Roberto de Mattei
(1948 - )
professor de História,
especializado nas ideias
religiosas e políticas no
pós-Concilio Vaticano II.




O plano era — e continua sendo — de destruir os Estados nacionais e suas raízes cristãs, não para construir um super-Estado, mas para criar um não-Estado, um horrível vácuo, no qual tudo aquilo que ainda tem a aparência de verdade, de bom, de justo, seja tragado no abismo do caos.

Até os mais relutantes começam agora a abrir os olhos. Existe um plano organizado para desestabilizar a Europa por meio da invasão migratória.

Este projeto vem de longe. No fim dos anos noventa, no livro 1900 a 2000. Dois sonhos se sucedem: a construção, a destruição (Fiducia, Roma 1990), descrevi-o através das palavras de alguns de seus “apóstolos”, como o escritor Umberto Eco e o cardeal Carlo Maria Martini.

Eco escrevia:

“Hoje na Europa não estamos diante de um fenômeno de imigração. Encontramo-nos diante de um fenômeno migratório […]

“e, como todas as grandes migrações, terá como resultado final uma reorganização étnica da terra de destino, uma mudança inexorável dos costumes, uma incontenível hibridação que mudará estatisticamente a cor da pele, do cabelo, dos olhos das pessoas”.

O cardeal Martini, por sua vez, julgava necessária “uma escolha profética” para se compreender que “o processo migratório em curso, do Sul cada vez mais pobre para o Norte cada vez mais rico, é uma grande oportunidade ética e civil para uma renovação, para inverter a rota da decadência do consumismo em curso na Europa Ocidental”.

O Cardeal Carlo Martini foi um dos bardos da dissolução cultural da Europa cristã por meio de invasões
O Cardeal Carlo Martini foi um dos bardos
da dissolução cultural da Europa cristã
por meio de invasões
Nessa perspectiva de “destruição criativa”, comentou ele, “não seriam os imigrantes que deveriam integrar-se na civilização europeia, mas seria ao contrário, a Europa que deveria desintegrar-se e regenerar-se graças à influência das etnias que a ocupam […]

“É o sonho de uma desordem criativa, de um choque semelhante àquele que deu nova vida ao Ocidente na época das invasões bárbaras, para gerar a sociedade multicultural do futuro”.

O plano era — e continua sendo — de destruir os Estados nacionais e suas raízes cristãs, não para construir um super-Estado, mas para criar um não-Estado, um horrível vácuo, no qual tudo aquilo que ainda tem a aparência de verdade, de bom, de justo, seja tragado no abismo do caos.

A pós-modernidade é esta: não um projeto de “construção”, como tinha sido a pseudo-civilização nascida do Humanismo e do Iluminismo, e que resultou no totalitarismo do século XX, mas uma utopia nova e diferente: a da desconstrução e tribalização Europa.

O fim do processo revolucionário que durante muitos séculos atacou a nossa civilização é o niilismo; o “nada estruturado”, segundo uma feliz expressão de Mons. Jean-Joseph Gaume (1802-1879).

Os anos se passaram e a utopia do caos se transformou no pesadelo que estamos vivendo.

O projeto de desintegração da Europa descrito por Alberto Carosa e Guido Vignelli em seu documentado estudo A invasão silenciosa. O “imigracionismo”: benefício ou conspiração? (Roma 2002) tornou-se um fenômeno de época.

Quem denunciava esse projeto era chamado de “profeta de desgraça”.

Hoje ouvimos dizer que se trata de um processo incontenível, que deve ser “governado”, mas não pode ser freado.

O mesmo foi dito do comunismo nos anos setenta e oitenta do século passado, até que veio a queda do Muro de Berlim, para mostrar que nada é irreversível na História, exceto, talvez, a cegueira dos “idiotas úteis”.

O plano é destruir os Estados nacionais e suas raízes cristãs
O plano é destruir os Estados nacionais e suas raízes cristãs. Islâmicos atacam à polícia alemã.
Entre esses idiotas úteis devem certamente ser contados os prefeitos de Nova York, Paris e Londres, respectivamente Bill de Blasio, Anne Hidalgo e Sadiq Khan, que em 20 de setembro, por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas, em uma carta ao “The New York Times” intitulada Our immigrants, our strenght (Nossos imigrantes, nossa força), lançaram um apelo “para se tomarem medidas visando garantir assistência e abrigo seguro aos refugiados que fogem dos conflitos e aos migrantes em fuga da miséria”.

As centenas de milhares de imigrantes que chegam em nossas costas não fogem nem do conflito, nem da miséria.

São jovens com ótima saúde, aparência bem cuidada, sem sinal de lesão ou desnutrição, como acontece com aqueles que vêm de zonas de guerra ou de fome.

O coordenador do antiterrorismo da União Europeia, Gilles de Kerchove, falando em 26 de setembro no Parlamento Europeu, denunciou a infiltração maciça do ISIS entre esses imigrantes.

Pior ainda do que se entre eles os terroristas fossem apenas uma pequena minoria, todos os imigrantes ilegais que desembarcam na Europa são portadores de uma cultura antitética à cristã e ocidental.

Eles não querem integrar-se na Europa, mas dominá-la, se não com armas, através do ventre de suas mulheres e das nossas.

Onde esses grupos de jovens muçulmanos do sexo masculino se estabelecem, as mulheres europeias engravidam, formam-se novas famílias “mistas” submetidas à lei do Alcorão que exigem do Estado mesquitas e subvenção econômica.

Isso é feito com o apoio dos prefeitos, das prefeituras e das paróquias católicas.

A reação da população é inevitável, e em países com alta taxa de imigração, como a França e a Alemanha, está se tornando explosiva.

“Estamos à beira de uma guerra civil”, disse Patrick Calvar, chefe da DGSI, a Direção-Geral da segurança interna francesa, diante de uma comissão parlamentar (“Le Figaro”, 22 de junho de 2016).

O governo alemão, por sua vez, elaborou um “plano de defesa civil” de 69 páginas, no qual se convida a população a fazer estoque de comida e de água, e“preparar-se adequadamente para um evento que poderá ameaçar a nossa existência” (Reuters, 21 de agosto de 2016).

Quem são os responsáveis por essa situação? Devemos olhar para eles em diversos níveis.

Há naturalmente a classe dirigente pós-comunista e de Maio de 1968, que assumiu as rédeas da política europeia; há intelectuais que elaboraram teorias deformadas no campo da física, da biologia, da sociologia, da política; há certos lobbies, a maçonaria, os potentados financeiros, que agem ora na escuridão, ora em plena luz do dia.

Em Lampedusa, 08-07-2013, o Papa Francisco I fez uma increpação contra a Europa que soou como um convite às invasões massivas islâmicas.
Em Lampedusa, 08-07-2013, o Papa Francisco I
fez uma increpação contra a Europa
que soou como um convite às invasões massivas islâmicas.
E é conhecido, por exemplo, o papel do financista George Soros e de sua fundação internacional Open Society.

Após um ataque de hackers, mais de 2.500 e-mails foram roubados do servidor do magnata americano-húngaro e publicados na internet, através do portal DC Leaks.

A correspondência privada substraída a Soros revela o seu financiamento de atividades subversivas em todos os campos, da agenda LGBT aos movimentos pró-imigração.

Com base nesses documentos, Elizabeth Yore, em uma série de artigos em “The Remnant”, mostrou o apoio de Soros, direto e indireto, também ao Papa Bergoglio e a alguns de seus colaboradores mais próximos, como o cardeal Oscar Andres Rodríguez Maradiaga e o arcebispo Marcelo Sánchez Sorondo.

Entre George Soros e o Papa Francisco aparece uma convergência estratégica objetiva.

A política do acolhimento, apresentada como a “ religião das pontes”, em oposição à “religião dos muros”, tornou-se o lema do pontificado de Francisco, a ponto de alguém se perguntar se a sua eleição não foi favorecida com o objetivo de oferecer aos arquitetos da invasão migratória o “endosso” moral de que necessitam.

O certo é que hoje a confusão na Igreja e na sociedade avançam lado a lado.

O caos político prepara a guerra civil, o caos religioso abre caminho aos cismas, que são uma espécie de guerra civil religiosa.

O Espírito Santo, cujas inspirações os cardeais nem sempre seguem no conclave, não deixa entretanto de agir e hoje alimenta o sensus fidei daqueles que se opõem aos projetos de demolição da Igreja e da sociedade.

A Divina Providência não os abandonará.


(Fonte: “Corrispondenza Romana”, 5-10-2016. Matéria traduzida do original italiano por Hélio Dias Viana).


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Profissão de fé de São Pedro Canísio S.J.:
“abomino Lutero, detesto Calvino, amaldiçoo todos os hereges”

São Pedro Canísio S.J. (1521-1597) Doutor da Igreja chamado “Martelo dos Hereges”.
São Pedro Canísio S.J. (1521-1597).
Doutor da Igreja chamado “Martelo dos Hereges”.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




São Pedro Canísio S. J. (1521-1597), nascido em Nimega (Holanda), foi o primeiro jesuíta da província alemã da Companhia de Jesus.

É considerado pela Igreja como o segundo mais importante apóstolo da fé católica na Alemanha, após São Bonifácio.

Foi apelidado “Martelo dos Hereges” pela clareza e eloquência com que criticava as posições dos cristãos não católicos. Foi canonizado e proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI em 1925.

Veja mais sobre a vida de São Pedro Canísio em CATOLICISMO.

Assim reza a Profissão de fé do santo e douto jesuíta:


Professo diante de Vós a minha fé, Pai e Senhor do Céu e da terra, Criador e Redentor meu, minha força e minha salvação, que desde os meus mais tenros anos não cessastes de nutrir-me com o pão sagrado da vossa Palavra e de confortar o meu coração.

A fim de que eu não vagasse, errando como as ovelhas transviadas que não têm pastor, Vós me congregastes no seio de vossa Igreja; colhido, me educastes; educado, continuastes a me ensinar com a voz daqueles Pastores nos quais Vós quereis ser ouvido e obedecido como em pessoa pelos vossos fiéis.

Confesso em alta voz, para a minha salvação, tudo aquilo que os católicos sempre acreditaram de bom direito em seus corações.

Abomino Lutero, detesto Calvino, amaldiçoo todos os hereges; não quero ter nada em comum com eles, porque não falam nem ouvem retamente, nem possuem a única regra da verdadeira Fé proposta pela Igreja una santa católica apostólica e romana.

Uno-me, em vez disso, na comunhão, abraço a fé, sigo a religião e aprovo a doutrina daqueles que ouvem e seguem a Cristo, não apenas quando ensina nas Escrituras, mas também quando julga pela boca dos Concílios Ecumênicos e define pela boca da Cátedra de Pedro, testemunhando-a com a autoridade dos Padres.

Professo-me também filho daquela Igreja romana que os ímpios blasfemos desprezam, perseguem e abominam como se fosse anticristã; não me afasto de nenhum ponto de sua autoridade, nem me recuso a dar a vida e derramar o meu sangue em sua defesa, e creio que os méritos de Cristo podem obter a minha salvação e a de outros somente na unidade desta mesma Igreja.

São Pedro Canísio S.J. col priv. O segundo maior apóstolo da fé católica na Alemanha.
São Pedro Canísio S.J. col priv.
O segundo maior apóstolo da fé católica na Alemanha.
Professo francamente, com São Jerônimo, de ser unido com quem é unido à Cátedra de Pedro, e protesto, com Santo Ambrósio, seguir em todas as coisas aquela Igreja romana que reconheço respeitosamente, com São Cipriano, como raiz e mãe da Igreja universal.

Confesso essa Fé e doutrina que aprendi ainda criança, confirmei na juventude, ensinei como adulto, e que agora, com minha força débil, defendi.

Ao fazer esta profissão, não me move outro motivo senão a glória e honra de Deus, a consciência da verdade, a autoridade das Sagradas Escrituras, o sentimento e o consenso dos Padres da Igreja, o testemunho de fé que devo dar aos meus irmãos e, finalmente, a salvação eterna que espero no Céu e a felicidade prometida aos verdadeiros fiéis.

Se acontecer de eu vir a ser desprezado, maltratado e perseguido por causa desta minha profissão, considerá-lo-ei uma graça e um favor extraordinários, porque isso significará que Vós, meu Deus, me destes a ocasião de sofrer pela justiça e não quereis que me sejam benevolentes aqueles que, como inimigos declarados da Igreja e da verdade católica, não podem ser vossos amigos.

No entanto, perdoai-os, Senhor, porque, instigados pelo diabo e cegados pelo brilho de uma falsa doutrina, não sabem o que fazem, ou não querem saber.

Concedei-me, contudo, esta graça: de que na vida e na morte eu renda sempre um testemunho autêntico da sinceridade e fidelidade que devo a Vós, à Igreja e à verdade, que não me afaste jamais do vosso santo amor, e que esteja em comunhão com aqueles que Vos temem e guardam os vossos preceitos na Santa Igreja romana, a cujo juízo, com ânimo pronto e respeitoso, eu me submeto e toda a minha obra.

Todos os santos, triunfantes no Céu ou militantes na terra, que estais indissoluvelmente unidos no vínculo da paz na Igreja Católica, mostrai a vossa imensa bondade e rezai por mim.

Vós sois o princípio e o fim de todos os meus bens; a Vós sejam dados, em tudo e por tudo, louvor, honra e glória sempiterna. Amém.


(Fonte: Pe. Benigno Hernández Montes, S.J. (1936-1996), “San Pedro Canisio, autobiografia y otros escritos”, Editorial Sal Terrae, Santander, 2004, 366 páginas. Cfr. páginas 121 e 122. Link: CLIQUE AQUI)

Nota do Autor: 97. Esta profissão de fé foi impressa por Canísio em vários de seus livros a partir de 1571, ano em que a publicou por vez primeira em sua Summa doctrinae christianae.

As principais razões desta pública profissão da fé foram que em 1568 espalhou-se em algumas regiões que Canísio tinha ficado protestante e que alguns de seus adversários (como Felipe Melanchton, João Marbach e João Gnyphaeus) afirmavam em seus livros que Canísio defendia a doutrina católica malgrado saber que era falsa.

Nesta belíssima página Canísio manifesta sua firmeza na fé católica, sua adesão inquebrantável à Igreja de Roma e ao Sumo Pontífice, seu rechaço frontal do protestantismo e a disposição a dar sua vida pela Fé católica. (id. ibid., p. 121)

Também em italiano: Corrispondenza Romana, 13 gennaio 2016 - 12:08.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Lutero pensa que é divino

O sono da razão e da Fé em Lutero e em seus seguidores produziu monstros. Francisco Goya, (1746-1828). Museu do Prado, Madri.
O sono da razão e da Fé em Lutero e em sequazes produziu monstros.
Francisco Goya, (1746-1828). Museu do Prado, Madri.




continuação do post anterior: Lutero não e não



Não compreendo como homens de Igreja contemporâneos, inclusive dos mais cultos, doutos ou ilustres, mitifiquem a figura de Lutero, o heresiarca, no empenho de favorecer uma aproximação ecumênica, de imediato com o protestantismo, e indiretamente com todas as religiões, escolas filosóficas etc.

Não discernem eles o perigo que a todos nos espreita, no fim deste caminho, ou seja, a formação, em escala mundial, de um sinistro supermercado de religiões filosofias e sistemas de todas as ordens, em que a verdade e o erro se apresentarão fracionados, misturados e postos em balbúrdia?

Ausente do mundo só estaria – se até lá se pudesse chegar – a verdade total; isto é, a fé católica apostólica romana, sem nódoa nem jaça.

Sobre Lutero – a quem caberia, sob certo aspecto, o papel de ponto de partida nessa caminhada para a balbúrdia total – publico hoje mais alguns tópicos que bem mostram o odor que sua figura revoltada espargiria nesse supermercado ou melhor, nesse necrotério de religiões, de filosofias, e do próprio pensamento humano.

Segundo em anterior artigo prometi, tiro os da magnífica obra do padre Leonel Franca S.J., “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 3ª ed., 1934, 558 pp.).

Elemento absolutamente característico do ensinamento de Lutero é a doutrina da justificação independente das obras.

Em termos mais chãos, que os méritos superabundantes de Nosso Senhor Jesus Cristo só por si asseguram ao homem a salvação eterna.

De sorte que se pode levar nesta terra uma vida de pecado, sem remorsos de consciência, nem temor da justiça de Deus.

Numa famosa meditação, Lutero defendeu como sendo seu ideal moral,
a vida do porco no lamaçal.
A voz da consciência era, para ele, não a da graça, mas a do demônio!

1. Por isso escreveu a um amigo que o homem vexado pelo demônio, de quando em quando “deve beber com mais abundância, jogar, divertir se e mesmo fazer algum pecado em ódio e acinte ao diabo, para lhe não darmos azo de perturbar a consciência com ninharias (...)

“Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, a nós tão perseguidos e molestados pelo diabo” (M. Luther, “Briefe, Sendschreiben und Bedenken”, e, De Wette, Berlim, 1825 1828 cfr. op. cit., pp. 199 200).

2. Neste sentido, escreveu ele também:

“Deus só te obriga a crer e a confessar. Em todas as outras coisas te deixa livre e senhor de fazeres o que quiseres, sem perigo algum de consciência; antes e certo que, de si, Ele não se importa, ainda mesmo se deixasses tua mulher, fugisses do teu senhor e não fosses fiel a vínculo algum.

“E que se lhe dá (a Deus), se fazes ou deixas de fazer semelhantes coisas?” (“Werke”, ed. de Weimar, 12, pp. 131 ss. cfr. op. cit., p. 446).

3. Talvez ainda mais taxativo é este incitamento ao pecado, em carta a Melanchton, de 1° de agosto de 1521:

“Sê pecador, e peca a valer (esto peccator et pecca fortiter), mas com mais firmeza ainda crê e alegra te em Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo.

Segundo Lutero, o triunfo de suas ideias religiosas trouxe a expansão de todos os vícios.
Segundo Lutero, o triunfo de suas ideias religiosas
trouxe a expansão de todos os vícios.
Detalhe de "O Triunfo da Morte", de Pieter Brugel.
“Durante a vida presente devemos pecar. Basta que pela misericórdia de Deus conheçamos o Cordeiro que tira os pecados do mundo.

“Dele não nos há de separar o pecado, ainda que cometêssemos por, dia mil homicídios e mil adultérios (“Briefe, Sendschreiben und Bedenken” ed. De Wette, 2, p. 37, cfr. op. cit. p. 439).

4. Tão descabelada é esta doutrina, que o próprio Lutero a duras custas nela conseguia acreditar:

“Nenhuma religião há, em toda a terra, que ensine esta doutrina da justificação; eu mesmo, ainda que a ensine publicamente, com grande dificuldade a creio em particular” (“Werke”, ed. de Weimar, 25, p. 330 cfr. op. cit., p. 158).

5. Mas os efeitos devastadores da pregação assim confessadamente insincera de Lutero, ele mesmo os reconhecia:

“O Evangelho hoje em dia encontra aderentes que se persuadem não ser ele senão uma doutrina que serve para encher o ventre e dar larga a todos os caprichos” (“Werke”, ed. de Weimar, 33, p. 2 cfr. op. cit., p. 212).

E Lutero acrescentava, acerca de seus sequazes evangélicos, que “são sete vezes piores que outrora. Depois da pregação da nossa doutrina, os homens entregaram se ao roubo, à mentira, à impostura, à crápula, à embriaguez e a toda espécie de vícios. Expulsamos um demônio (o papado) e vieram sete piores” (“Werke”, ed. de Weimar, 28, p. 763 cfr. op. cit., p.440).

“Depois que compreendemos não serem as boas obras necessárias para a justificação, ficamos muito mais remissos e frios na prática do bem (...)

“E se hoje se pudesse voltar ao antigo estado de coisas, se de novo revivesse a doutrina que afirma a necessidade do bem fazer para ser santo, outra seria a nossa alacridade e prontidão no exercício do bem” (“Werke”, ed. de Weimar, 27, p. 443 cfr. op. cit., p. 441).

6. Todas essas insânias explicam que Lutero chegasse ao frenesi do orgulho satânico, dizendo de si mesmo:

“Este Lutero não vos parece um homem extravagante? Quanto a mim, penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos, lodo em pérolas!” (ed. Wittemberg, 1551, t. 4 p. 378 cfr. op. cit., p. 190).

Fac-símile do artigo "Lutero pensa que é divino". Folha de S.Paulo 10-01-1984.  Acervo Folha
Fac-símile do artigo "Lutero pensa que é divino".
Folha de S.Paulo 10-01-1984.  Acervo Folha
7. Em outros momentos, a opinião que Lutero tinha de si mesmo era muito mais objetiva:

“Sou um homem exposto e implicado na sociedade, na crápula, nos movimentos carnais, na negligência e em outras moléstias, a que se vêm ajuntar as do meu próprio ofício” (“Briefe, Sendschreiben und Bedenken”, ed. De Wette, 1, p. 232 cfr. op. cit., p. 198).

Excomungado em Worms em 1521, Lutero entregou se ao ócio e à moleza. E a 13 de julho escreveu a outro prócer protestante Melanchton:

“Eu aqui me acuo, insensato e endurecido, estabelecido no ócio, oh dor!, rezando pouco e deixando de gemer pela Igreja de Deus, porque nas minhas carnes indômitas ardo em grandes labaredas.

“Em suma, eu que devo ter o fervor do espírito, tenho o fervor da carne, da libidinagem da preguiça, do ócio e da sonolência” (“Briefe, Sendschreiben und Bedenken”, ed. De Wette, 2, p. 22 cfr. op. cit., p. 198).

Num sermão pregado em 1532: “Quanto a mim confesso – e muitos outros poderiam sem dúvida fazer igual confissão – que sou desleixado assim na disciplina como no zelo, sou muito mais negligente agora que sob o papado; ninguém tem agora pelo Evangelho o ardor que se via, outrora” (“Saemtliche Werke”, ed. de Plochman Irmischer, 28(2), p. 353 cfr. op. cit., p. 441).

O que de comum se pode encontrar, pois, entre esta moral, e a da Santa Igreja Católica Apostólica Romana?


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, Folha de S.Paulo, 10-01-1984)


O Pe Leonel Franca nasceu em 7-1-1893, em São Gabriel, RS.
Ingressou na Companhia de Jesus em 12-11-1908.
Em 1912 foi estudar filosofia na Universidade Gregoriana, Roma,
onde recebeu o título de Doutor em Teologia (1924).
Durante sua estadia na Cidade Eterna
publicou “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (1923).
Em 1928, fundou a Universidade Católica de Rio de Janeiro,
da qual foi Reitor magnífico durante oito anos.
Rendeu sua alma a Deus em 3-9-1948.

O protestantismo evangélico segundo seus fundadores, pelo Pe. Leonel Franca S.J.


Toda a verdade sobre o protestantismo evangélico

Lutero: golpe contra a vontade

O porco no chiqueiro: ideal moral de Lutero!

A contestação protestante demolindo as verdades consoladoras

A recusa da confissão, do perdão e da Eucaristia

Negação do valor das boas obras

Emancipação de todo vínculo moral

Deturpando os Evangelhos

Corrupção dos costumes

Lutero: o “berço do puro Evangelho” virou “foco de abominável corrupção”

Muskulus: “não é possível piorar”

A obra-prima do fanatismo

Degeneração do casamento e desprezo da mulher

Da ‘segunda união’ ao ‘amor livre’ pelo divórcio e a poligamia

Extinguindo a santidade do matrimônio com a pastoral ‘misericordiosa’ de Lutero

O ‘reino do Evangelho’ vira ‘império da embriaguez e de todos os vícios’

Desaparição do amor e do respeito ao pobre

ANEXOS:
Plinio Corrêa de Oliveira

Lutero: não e não

Lutero pensa que é divino

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Lutero: não e não

Com Lutero no centro, a assembleia dos heresiarcas protestantes concordou num ponto especialmente blasfemo: o homem peca por vontade de Deus
Com Lutero no centro, a assembleia dos heresiarcas protestantes
concordou num ponto especialmente blasfemo: o homem peca por vontade de Deus!





Tive a honra de ser, em 1974, o primeiro signatário de um manifesto publicado em cotidianos dos principais do Brasil e reproduzido em quase todas as nações onde existiam as então onze TFPs.

Era seu titulo: “A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: omitir-se? Ou resistir?” (cfr. “Folha de S.Paulo”, 10-4-74).

Nele, as entidades declararam seu respeitoso desacordo face à “ostpolitik” conduzida por Paulo VI, e expunham pormenorizadamente suas razões para tanto. Tudo – diga-se de passagem – expresso de maneira tão ortodoxa que ninguém levantou a propósito qualquer objeção.

Para resumir numa frase, ao mesmo tempo toda a sua veneração ao Papado e a firmeza com a qual declaravam sua resistência à “ostpolitik” vaticana, as TFPs diziam ao Pontífice:

“Nossa alma é Vossa, nossa vida e Vossa. Mandai-nos o que quiserdes só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe”.

Lembrei-me desta frase com especial tristeza, lendo a carta escrita por João Paulo 2º ao cardeal Willebrands (cfr “L'Osservatore Romano”, 6-11-83), a propósito do quingentésimo aniversário do nascimento de Martinho Lutero, e assinada no dia 31 de outubro p.p. data do primeiro ato de rebelião do heresiarca, na Igreja do castelo de Wittenberg.

Está ela repassada de tanta benevolência e amenidade, que me perguntei se o Augusto signatário esquecera as terríveis blasfêmias que o frade apóstata lançara contra Deus, Cristo Jesus Filho de Deus, o Santíssimo Sacramento, a Virgem Maria e o próprio Papado.

O certo e que ele não as ignora, pois estão ao alcance de qualquer católico culto em livros de bom quilate, os quais ainda hoje não são difíceis de obter.

Tenho em mente dois deles. Um, nacional, é “A Igreja. a Reforma e a Civilização” do grande jesuíta Pe. Leonel Franca. Sobre o livro e o autor os silêncios eclesiásticos oficiais vão deixando baixar a poeira.

O outro livro é de um dos mais conhecidos historiadores franceses deste século, Funck-Brentano, membro do Instituto de França, e aliás insuspeito protestante.

Comecemos por citar textos colhidos na obra deste último: “Luther” (Grasset, Paris, 1934, 7ª ed., 352 pp.).

E vamos diretamente a esta blasfêmia sem nome:

Martinho Lutero foi frade agostiniano apóstata
“Cristo – diz Lutero – cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala João. Não se murmurava em torno dele: ‘Que fez, então, com ela?’

“Depois com Madalena, em seguida com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, também teve de fornicar, antes de morrer” (“Propos de table”, nº 1472, ed. de Weimar 2. 107 – cfr op. cit. p.235).

Lido isto, não nos surpreende que Lutero pense – como assinala Funck-Brentano – que “certamente Deus é grande e poderoso, bom e misericordioso (...) mas é estúpido – ‘Deus est stultissimus’, (“Propos de table” nº 963, ed. de Weimar, I, 487).

“É um tirano. Moisés agia movido por sua vontade, como seu lugar-tenente, como carrasco que ninguém superou, nem mesmo igualou em assustar, aterrorizar e martirizar o pobre mundo” (op, cit. p. 230).

Tal está em estrita coerência com estoutra blasfêmia, que faz de Deus o verdadeiro responsável pela traição de Judas e pela revolta de Adão:

“Lutero – comenta Funck-Brentano – chega a declarar que Judas, ao trair Cristo, agiu sob imperiosa decisão do Todo-Poderoso. Sua vontade (a de Judas) era dirigida por Deus; Deus o movia com sua onipotência.

“O próprio Adão, no paraíso terrestre, foi constrangido a agir como agiu. Estava colocado por Deus numa situação tal que lhe era impossível não cair” (op. cit., p. 246).

Coerente ainda nesta abominável sequência, um panfleto de Lutero intitulado “Contra o pontificado romano fundado pelo diabo”, de março de 1545, chamava o Papa, não “Santíssimo”, segundo o costume mas “infernalíssimo”, e acrescentava que o Papado mostrou-se sempre sedento de sangue (cfr. op. cit. 337-338).

Não espanta que, movido por tais ideias, Lutero escrevesse a Melanchton, a propósito das sangrentas perseguições de Henrique 8º contra os católicos da Inglaterra.

“É lícito encolerizar-se quando se sabe que espécie de traidores, ladrões e assassinos são os papas, seus cardeais e legados. Prouvesse a Deus que vários reis da Inglaterra se empenhassem em acabar com eles” op. cit., p. 254).

Por isso mesmo exclamou ele também: “Basta de palavras: o ferro! o fogo”, E acrescenta: “Punimos os ladrões à espada. por que não havemos de agarrar o papa, cardeais e toda a gangue da Sodoma romana e lavar as mãos no seu sangue?” (op. cit. p. 104).

Esse ódio de Lutero o acompanhou até o fim da vida. Afirma Funck Brentano: “Seu último sermão publico em Wittenberg é de 17 de janeiro de 1546: o ultimo grito de maldição contra o papa, o sacrifício da missa, o culto da Virgem” (op. cit. p 340).

Não espanta que grandes perseguidores da Igreja tenham festejado a memória dele.

Fac-símile do artigo "Lutero não e não", FSP 27-12-1983. Acervo Folha
Fac-símile do artigo "Lutero não e não", FSP 27-12-1983. Acervo Folha
Assim “Hitler mandou proclamar festa nacional na Alemanha a data comemorativa de 31 de outubro de 1517, quando o frade agostiniano revoltoso afixou nas portas da igreja do castelo de Wittenberg as famosas 95 proposições contra a supremacia e as doutrinas pontifícias” (op. cit., p.272 ).

E, a despeito de todo o ateísmo oficial do regime comunista, o Dr. Erich Honnecker, presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Defesa, o primeiro homem da Republica Democrática Alemã [N.R.: comunista, dependente da Rússia soviética], aceitou a chefia do comitê que, em plena Alemanha vermelha, organizou as espalhafatosas comemorações de Lutero neste ano (cfr. “German Comments”, de Osnabruck, Alemanha Ocidental, abril de 1983).

Que o frade apóstata tenha despertado tais sentimentos num líder nazista, como mais recentemente no líder comunista, nada de mais natural.

Nada mais desconcertante – até vertiginoso, do que o ocorrido quando da recentíssima comemoração do quingentésimo aniversario do nascimento de Lutero num esquálido templo protestante de Roma no dia 11 do corrente.

Desse ato festivo, de amor e admiração à memória do heresiarca, participou o prelado que o conclave de 1978 elegeu Papa.

E ao qual caberia, portanto, a missão de defender, contra heresiarcas e hereges, os santos nomes de Deus e de Jesus Cristo, a Santa Missa, a Sagrada Eucaristia e o Papado!

“Vertiginoso, espantoso” – gemeu, a tal propósito meu coração de católico. Que, sem embargo, com isto redobrou de fé e veneração pelo Papado.

No próximo artigo me resta citar “A Igreja, a Reforma e a Civilização”, do grande Pe. Leonel Franca.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, Folha de S.Paulo, 27/12/1983)


continua no próximo post: Lutero pensa que é divino!

O Pe Leonel Franca nasceu em 7-1-1893, em São Gabriel, RS.
Ingressou na Companhia de Jesus em 12-11-1908.
Em 1912 foi estudar filosofia na Universidade Gregoriana, Roma,
onde recebeu o título de Doutor em Teologia (1924).
Durante sua estadia na Cidade Eterna
publicou “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (1923).
Em 1928, fundou a Universidade Católica de Rio de Janeiro,
da qual foi Reitor magnífico durante oito anos.
Rendeu sua alma a Deus em 3-9-1948.

O protestantismo evangélico segundo seus fundadores, pelo Pe. Leonel Franca S.J.


Toda a verdade sobre o protestantismo evangélico

Lutero: golpe contra a vontade

O porco no chiqueiro: ideal moral de Lutero!

A contestação protestante demolindo as verdades consoladoras

A recusa da confissão, do perdão e da Eucaristia

Negação do valor das boas obras

Emancipação de todo vínculo moral

Deturpando os Evangelhos

Corrupção dos costumes

Lutero: o “berço do puro Evangelho” virou “foco de abominável corrupção”

Muskulus: “não é possível piorar”

A obra-prima do fanatismo

Degeneração do casamento e desprezo da mulher

Da ‘segunda união’ ao ‘amor livre’ pelo divórcio e a poligamia

Extinguindo a santidade do matrimônio com a pastoral ‘misericordiosa’ de Lutero

O ‘reino do Evangelho’ vira ‘império da embriaguez e de todos os vícios’

Desaparição do amor e do respeito ao pobre

ANEXOS:
Plinio Corrêa de Oliveira

Lutero: não e não

Lutero pensa que é divino

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

“Cara e coroa” religioso do terremoto da Itália

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O terremoto que assolou a Itália central no mês de agosto deixou diversas lições, nem sempre bem focalizadas na mídia e nas redes sociais.

Mais uma vez, a Providência fez sentir sua mão protetora sinalizando aos homens por onde passa a via da salvação: a mediação universal de Nossa Senhora, maternalmente extremosa nos momentos da maior dificuldade e dor.

Em Pescara del Tronto, uma das cidades mais devastadas pelo sismo, uma imagem da Virgem Maria permaneceu intacta em meio à destruição geral.

Logo depois da catástrofe, a imagem da Mãe de Deus foi encontrada íntegra entre os escombros.

Ela era cultuada habitualmente num nicho de cristal suspenso a dois metros de altura, voltado para a rua, como é frequente na Itália.

Ela ficou intacta, apesar da violência do abalo, e não é o primeiro caso registrado em terremotos, furacões e tsunamis no que vai do século XXI.


As tão repetidas e admiráveis circunstâncias não nos permitem duvidar da intervenção providencial nesses fatos.

Eles nos estimularam a criar uma página especial, aonde estamos recolhendo notícias sobre esses sinais milagrosos, esperançosos e fora do comum:

CLIQUE AQUI Imagens intactas nas catástrofes. Por quê?

Como estão sendo atendidos esses sinais de Nossa Senhora? Em um primeiro momento fala-se um pouco, e alguma foto, notícia ou testemunho viraliza.

Imagem de Nossa Senhora resgatada das ruínas do cemitério de Sant'Angelo, em Amatrice. A recuperação devolveu a esperança aos habitantes em desespero
Imagem de Nossa Senhora resgatada das ruínas do cemitério de Sant'Angelo, em Amatrice.
A recuperação devolveu a esperança aos habitantes em desespero
Mas o fato é esquecido com relativa rapidez, na voragem de informações da Internet. E não sendo feitas reflexões, não se tiram lições apropriadas.

Para reavivar a memória e ajudar a meditação, criamos a referida página Imagens intactas nas catástrofes. Por quê?

Porém, não podemos omitir que se a Providência permite acontecimentos tão terríveis como o terremoto de agosto, não é por nada.

O site espanhol “Adelante la Fe” informou sobre uma ofensa assustadora acontecida em uma das dioceses atingidas pelo terremoto.

O site reproduz a carta de um leitor, que dispensa comentários.

Aproveitando as férias, ele foi percorrer o Cammino San Benedetto (Estrada de São Bento), uma peregrinação de 300 km que parte de Norcia (Núrsia), cidade natal do grande Patriarca do Ocidente e fundador da Ordem Beneditina, e vai até o Subiaco e o Monte Cassino, passando pelos locais onde viveu o pai do monasticismo ocidental.

O padre Savino de Amatrice segura a 'Madonna de Filetta' delicadíssima imagem recuperada na igreja de Santo Agostinho inteiramente destruída
O padre Savino de Amatrice segura a 'Madonna de Filetta'
delicadíssima imagem recuperada na igreja de Santo Agostinho inteiramente destruída
A cidade e a diocese de Núrsia foram abaladas pelo tremor.

O leitor conta que partiu de Núrsia em direção a Cássia, cidade famosa mundialmente por causa de Santa Rita. Uma vez no centro, ele foi visitar a histórica igreja de São Francisco.

O templo é do século XII, conta com famosos afrescos medievais de grande piedade e beleza, e foi primorosamente restaurado.

Porém, ele verificou que a venerável igreja havia sido dessacralizada há pouco, como infelizmente vem acontecendo com centenas de outras igrejas católicas europeias, e não só na Itália.

Não só isso, ela acolhia uma exposição de imagens pornográficas explícitas. O peregrino ficou chocado e procurou o responsável pela mostra. Este lhe respondeu que o bispo de Spoleto-Norcia, D. Renato Boccardo, nada dissera contra a exposição blasfema e obscena.

O responsável acrescentou que a mostra era de conhecimento público e que o bispo não podia ignorar o que estava sendo exposto.

Além do mais, tentou justificar a ofensa escandalosa dizendo que era feita pela “boa causa”: o dinheiro coletado iria para os indigentes, pessoas com a síndrome de Down, deficientes físicos, etc.

Mostra pornográfica na igreja de San Francisco, em Cássia, antes do terremoto. Foto reduzida para não ressaltar os detalhes obscenos
Mostra pornográfica na igreja de San Francisco,
em Cássia, antes do terremoto.
Foto reduzida para não ressaltar os detalhes obscenos.
Revolução Cultural atrai castigos e desgraças.
Só faltou dizer – comentamos – que vai para imigrantes invasores muçulmanos.

O leitor tirou fotos para documentar a grave denúncia. O site preferiu prudentemente reproduzi-las com baixa resolução, para dar uma ideia geral do tamanho da ofensa e afastar a natureza perturbadora dos pormenores dos objetos pornográficos expostos com a anuência do bispo de “pastoral moderna”.

Não se deve, portanto, estranhar a pergunta feita por uma mulher católica a seu bispo diocesano sobre “onde está Deus” que permite tal catástrofe.

Esse bispo, aliás, fez questão de não se apresentar como tal e de não atender os fiéis espiritualmente necessitados, mas de agir como mais um dos resgatadores engajados na remoção material do entulho.

Fatos semelhantes àquela exposição estão se dando em muitas circunscrições religiosas. Como estranhar que outras semelhantes desgraças venham a acontecer, atraídas por essas ofensas tornadas possíveis pelo relativismo religioso?

Nossa esperança se centra inteiramente em Nossa Senhora, nosso único refúgio certo nessas horas difíceis e até trágicas.


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Franciscanos abandonam San Marino esquecidos de São Francisco!

Sem vocações no mundo, franciscano fecham o convento São Francisco, em San Marino.
Sem vocações no mundo, franciscano fecham o convento São Francisco, em San Marino.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Após 800 anos de gloriosa presença na pequenina e simpática República de San Marino, encravada na Itália, os Frades Franciscanos abandonarão o país no próximo mês de outubro. A tremenda decisão poderá se tornar definitiva no próximo ano, explicou a Rádio Vaticano.

A causa está no esvaziamento das casas religiosas franciscanas no mundo inteiro. No convento do Centro Histórico de San Marino, que no passado chegou a contar com até 30 filhos de São Francisco, só restam três.

Devido à crise de vocações que se seguiu ao aggiornamento disposto pelo Concílio Vaticano II para atrair novos membros, a Ordem dos Frades Menores Conventuais teve agora de reestruturar as jurisdições na Itália central, fechando por volta de 15 conventos.

Ela visa assim reconcentrar os sobreviventes, em geral muito idosos, em comunidades onde possam subsistir numericamente como comunidade.

A “modernização” esvaziou cruelmente os mosteiros de conteúdo religioso e afastou as bênçãos de outrora. Entre as vítimas encontra-se o convento de Titano, em San Marino.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Perseguição aos cristãos sírios no Oriente e no Ocidente.
Crimes de guerra rusos visam forçar migrações

Na Síria, os católicos se voltam especialmente para Nossa Senhora de Lourdes
Na Síria, os católicos se voltam especialmente para Nossa Senhora de Lourdes
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Os cristãos na Síria “estão dispostos a dar suas vidas e a que suas cabeças sejam cortadas para testemunhar Jesus Cristo”, afirmou a religiosa missionária Maria de Guadalupe.

Ela está na cidade de Aleppo há cinco anos e vive o drama da perseguição cristã desencadeada pelo Estado Islâmico, informou ACI Digital.

A irmã, que é do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), passou 18 anos na Terra Santa, no Egito, e desde 2011 está na Síria. Ela teve a possibilidade de ir embora deste país quando começou a guerra, mas decidiu ficar.

“Eu acredito realmente que Deus lhes dá, como retribuição pela sua generosidade, fortaleza para ir até as últimas consequências”, sustentou a religiosa.

Trata-se dos “mártires de nossos tempos”, que “estão dispostos a entregar tudo, inclusive o bem mais precioso que é a própria vida”. Eles também “confiam nas orações do resto do mundo cristão que os apoia”.

A missionária explicou que, pela primeira vez em alguns anos, o Estado Islâmico está retrocedendo e algumas cidades estão sendo recuperadas. Isto faz com que os rebeldes “queiram mais vingança e intensifiquem os ataques aos civis”.

Do mesmo modo, denunciou que “o cristianismo ocidental tem pouco acesso às informações do que realmente está acontecendo, porque os meios de comunicação internacionais mais importantes não estão divulgando as notícias e isto não é uma casualidade”.

A religiosa insistiu que “os cristãos perseguidos na Síria e no Iraque confiam nas orações do resto do mundo”. Portanto, concluiu a Irmã Maria de Guadalupe, “eu não considero uma ignorância culpável do mundo cristão ocidental”, mas uma “anestesia provocada”.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Robô mais avançado é menos autónomo que uma barata

O robô Atlas da Boston Dynamics impressiona pela técnica mas é menos autônomo que uma mísera barata.
O robô Atlas da Boston Dynamics impressiona pela técnica
mas é menos autônomo que uma mísera barata.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O cinema, certos cientistas e especuladores do futuro gostam de imaginá-lo povoado de robôs “inteligentes”, capazes até de se emanciparem do homem e levar uma vida autônoma com autoconsciência ou sentimentos.

Alguns os imaginam maléficos, outros benéficos, outros imprevisíveis, fazendo guerra ao homem ou entre eles, ao gosto da fantasia do escritor, do cientista, do jornalista ou do usuário de Playstation.

Os modelos mais avançados de robôs em desenvolvimento podem reforçar temores e fantasias. O robô Atlas da Boston Dynamics é um exemplo acabado disso.

Mas o que há de verdade nessas projeções, anúncios ou novelas?

O físico investigador da Universidade Politécnica de Madri, José Antonio Villacorta Atienza, fez cair uma “chuva de realidades”, segundo noticiou o jornal “El Mundo”, sobre as possibilidades acenadas pelas mídias convencionais ou virtuais.

Falando no reputado Curso de Verão da Universidade Complutense, ele explicou que “o robô mais avançado é menos autônomo que uma simples barata”. E ele pensava não apenas no presente, mas também no futuro.

Para Villacorta, “não parece plausível que no futuro apareçam robôs de forma autônoma, natural e produtiva”. “Nunca haverá robôs como os que aguardamos. O mais realista é pensar que teremos máquinas mais ou menos autônomas com uma margem de aplicabilidade muito limitada” – garantiu.

O investigador desenvolve há anos um robô capaz de esquivar obstáculos, detectar as emoções ou intenções dos humanos e agir em consequência. “O único robô que vocês vão ver em casa vai ser o aspirador”, brincou, antes de enumerar os motivos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Redes sociais: perigos concentrados entre os 8 e 12 anos

Micaela Ortega de 12 anos. Seu assassino (preso) a enganou por meio de Facebook.
Micaela Ortega de 12 anos. Seu assassino (preso) a enganou por meio de Facebook.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Um caso horrível verificou-se na Argentina. Micaela Ortega, de 12 anos, foi assassinada após encontrar-se com um homem de 26 que conheceu pelo Facebook.

As crianças de 8 a 12 anos presas à Internet constituem o grupo mais vulnerável para um abusador sexual, alertou o procurador argentino Horacio Azzolín, da Unidade Especializada em Ciberdelinquência (Ufeci).

Segundo especialistas citados pelo diário “La Nación” de Buenos Aires, os pais que começam a se preocupar com a vida virtual de seu filho quando esse faz 12 anos estão chegando tarde.

Ainda são crianças, mas não estão mais na infância. Tudo as encaminha precocemente para a vida adulta, mas não desenvolveram os mecanismos psicológicos para viver entre adultos.

Só viveram absorvidas por relações virtuais, quase sem contato com o mundo, e são ignorantes e inermes face aos perigos do mundo real.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

França: por cada sacerdote ordenado morrem oito!
Mas seminários tradicionais enchem

Num ambiente de 'Igreja jovem' sacerdotes idosos veem se extinguir o sonho de uma Igreja dessacralizada e igualitária.
Num ambiente de 'Igreja jovem' sacerdotes idosos
veem se extinguir o sonho de uma Igreja dessacralizada e igualitária.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O clero católico “modernizado” está em crise no preciso momento em que o número dos fiéis no mundo aumentou 1,5% no último ano.

Cresce assustadoramente na Europa o número das igrejas que são dessacralizadas e transformadas em hotéis, bares, mesquitas ou museus. Paróquias e até dioceses são fusionadas por falta de clero.

Dom Bernard Podvin, ex-portavoz da Conferência Episcopal da França, declarou à TV católica KTO, no final de 2014: “Carecemos de vocações... Quando em solo francês são ordenados cem sacerdotes por ano e morrem 800 no mesmo período, a conclusão é evidente. O déficit esta aí, e berrando”.

De fato, o desequilíbrio é evidente – comentou o site Boulevard Voltaire –, e atinge de cheio a chamada “Igreja conciliar”. Mas não é tanto assim para o setor do clero apelidado de “Igreja tradicionalista”.

Com efeito, os números dos “tradicionalistas” projetam conclusões também evidentes, porém esperançosas, que sobressaem em meio a um horizonte de devastação.

Continuando com a tendência inaugurada em tempos do Concílio Vaticano II, acrescenta o site, a França ficará logo sem padres e terá de mandá-los vir da África ou da Ásia.

Já são muitas as paróquias, inclusive em Paris, administradas por um sacerdote de outro continente.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Vertiginosa queda dos jesuítas em número e reputação

Jesuítas idosos. Segundo o Vaticano, entre 2005 e 2015,
a Ordem perdeu 3.110 sacerdotes e irmãos.
De 1965 a 2015, a Companhia de Jesus caiu de 36.038 para 16.740.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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No momento em que a Companhia de Jesus tem um Papa pertencente à gloriosa ordem fundada por Santo Inácio, sua crise e decadência internas atingem patamares inauditos em matéria doutrinária e em número de membros, observou a revista americana “National Catholic Register”.

Nos EUA, Canadá e Haiti só foram ordenados 20 novos jesuítas em 2015. Um dirigente da Ordem reconheceu ao “National Catholic Register” que “as tendências de novas vocações apontam para uma estabilização numérica no horizonte”.

Entretanto, a comemoração pelas 20 ordenações do último ano parece exagerada, pois no mesmo período faleceram 65 padres da Ordem.

Em 2013, Matthew Archbold, da “Cardinal Newman Society”, apontou outros sinais da decadência nas ordenações de novos jesuítas: os ex-jesuítas eram mais numerosos do que os jesuítas em atividade nos EUA. Estatísticas de 2011 elaboradas pelo Georgetown University’s Center for Applied Research in the Apostolate (CARA) apoiaram a assertiva.

Estatísticas mais recentes da Companhia e do Vaticano fornecem números assustadores. O número vem caindo nos últimos 50 anos, propulsionado pelos efeitos do período “pós-conciliar”.

Em 1982 entraram 102 novos candidatos. Em 2010, apenas 45.

Entre 2008-2013, a Companhia contabilizou 445 religiosos mortos nos EUA, uma média de 89 por ano.

Somando e subtraindo, o “National Catholic Register” conclui que os jesuítas nos EUA estão em queda livre. Pelos números do CARA, perderam mais da metade em apenas 25 anos, precipitando-se de 4.823 em 1988 para 2.395 em 2013.