terça-feira, 21 de novembro de 2023

Afunda cidade “libertária” nos EUA

Ursos invadiram a cidade à cata de lixo não recolhido
Ursos invadiram a cidade à cata de lixo não recolhido
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A pequena cidade de Grafton, no estado de New Hampshire, nordeste dos EUA na fronteira com o Canadá, tentou um experimento político “libertário” que seriam sem precedentes.

E os resultados foram os piores que acontecem nesta matéria há milênios, mostrou reportagem de “La Nación”.

Um grupo de autodenominados “libertários” ali se instalou visando provar com o Projeto Cidade Livre que a presença de um governo é opressiva e produz pobreza e que se deve suprimir regulamentações e impostos, mesmo os mais razoáveis, para provar que a sociedade que age por conta própria, se auto-regula e floresce.

Em resumidas contas, a autogestão socialista, mas posta em prática por liberais dá certo e que os princípios de direito natural e católicos nem são precisos.

Em poucos anos houve uma drástica deterioração dos serviços públicos, aumentou a violência criminal e inusitados ataques de ursos negros alvejaram os moradores.

O libertarianismo político-filosófico decreta caprichosamente que a “liberdade individual é o valor político supremo” podendo cada pessoa viver a sua vida e dispor de seu corpo e bens como lhe dê na telha sem interferir nos direitos de outros a debandarem seu capricho, explicou o cientista político venezuelano Luis Salamanca.

O crime outrora era desconhecido, e agora falta até polícia
O crime outrora era desconhecido, e agora falta até polícia
“Para o liberalismo clássico, o melhor é que o Estado não exista, mas o tolera como um vigilante da atividade produtiva e regulador mínimo.

“Os anarco-capitalistas, são os libertários mais puros e radicais que dizem que o Estado é o inimigo que deve ser liquidado”, acrescentou o ex-diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Central da Venezuela (UCV).

O especialista destacou que no Partido Republicano há setores que defendem estas ideias.

Eles escolheram Grafton porque um libertário de nome John Babiarz estava concorrendo a governador e na população pequena poucos eleitores libertários poderiam aprovar decretos e impostos municipais.

Em poucos meses cerca de 200 libertários que se conheceram pela Internet, se mudaram para a cidade para iniciar uma experiência mais parecida com uma comuna hippie ou uma taba indígena, que se beneficiava com os recursos das modernas tecnologias.

Os novos vizinhos, que não se conheciam, defendiam a posse de armas, muitos viviam em casas móveis ou tendas nas florestas que rodeiam a cidade e impuseram suas ideias à comunidade.

Biblioteca Municipal ficou restringida
Biblioteca Municipal ficou restringida
Quiseram remover a autoridade que supervisiona as escolas, declarar a cidade “zona franca das Nações Unidas”, e reduziram em 30% o pequeno orçamento municipal.

Mas não cumpriram a promessa de que haveria menos impostos e mais dinheiro no bolso dos moradores.

Na cidade vizinha de Canaan, os residentes pagam apenas 70 cêntimos a mais em impostos e têm ruas e estradas pavimentadas e iluminadas, enquanto as de Grafton estavam cheias de buracos.

Não havia iluminação pública nem coleta de lixo, a biblioteca pública só abria 3 horas por dia e a polícia não podia pagar os agentes, excetuado o delegado-chefe.

Sem patrulhamento e com moradores armados e convencidos de que tinham o direito de fazer o que quisessem, a cidade registrou os primeiros assassinatos e um aumento de 12% de crimes violentos.

Acresce que os residentes na utopia libertária foram assaltados por uma onda de ataques de ursos. Esses foram atraídos porque os libertários que viviam na floresta espalhavam o lixo.

A cidade recusou-se a apelar às autoridades regionais e os ursos tornaram-se mais ousados e passaram a ver os seres humanos como fonte de alimento.

Doze anos após o inicio do enganador sonho muitos libertários partiram, mas nada foi feito para reparar os danos causados.

Foi assim que um grupo de recém-chegados controlou uma cidade e a desmantelou sem que ninguém tomasse medidas, porque agiam dentro do Estado de direito, e as autoridades estaduais ou federais não intervinham.

Caos invadiu cidade 'libertária'
Caos invadiu cidade 'libertária'
O que aconteceu em Grafton lança dúvidas mais do que razoáveis de que o libertarianismo possa ser lançado com sucesso por êmulos biriquinos.

O Estado como ensina a Igreja tem uma razão de ser e, sem abusos, é um fator decisivo para a boa ordem.

Em Grafton, a liberdade foi falsamente oposta à ordem e acabou morrendo só ficando a força e a lei do mais forte.

Entregar o poder a uma corrente política do gênero “é arriscar o caos e a anarquia, que podem nos levar de volta à tirania”, explicou o politólogo venezuelano Luis Salamanca.



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