Crianças do campo de refugiados em Erbil (Iraque) na Missa de Primeira Comunhão. Foto cortesia Diácono Roni Momica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Dom Francesco Cavina, bispo de Carpi, Itália, visitou o Curdistão iraquiano, no norte de Bagdá.
Ele ficou impressionado com a gratidão dos cristãos pela proteção divina, “sobretudo por terem conservado a fé pela qual estão dispostos a morrer, pois não querem perder o verdadeiro tesouro da vida que é Cristo e a pertencença ao seu Corpo Místico que é a Igreja”, segundo narrou o bispo no seu retorno, informou o jornal italiano “Il Foglio”.
“Os cristãos experimentaram uma profunda sensação de solidão enquanto as milícias jihadistas avançavam. Sentiam-se traídos pelas instituições do governo e, mais dolorosamente ainda, por aqueles que julgavam serem amigos e que não somente os abandonavam, mas os denunciavam” aos fanáticos islâmicos. Após os cristãos abandonarem suas casas, os seguidores de Maomé as invadiram e pilharam todos os seus haveres.
O bispo de Carpi sublinhou “que o Estado islâmico procura eliminar a presença dos cristãos do país constrangendo-os a emigrar. Os cristãos, de fato, não aceitam serem definidos como uma minoria religiosa que no máximo pode ser tolerada”, como impõe o Corão.
O bispo italiano assistiu a cenas de crianças que tendo perdido tudo participavam de Adorações do Santíssimo Sacramento, uma devoção nobilíssima que parece incrível no Ocidente, onde a fé está cada vez mais entibiada.
“O Santíssimo estava exposto sobre um altar e as crianças estavam dispostas em volta d’Ele formando círculos, com as mãos juntas e ajoelhadas no estilo oriental. Rezavam, cantavam, ficavam em silêncio. Fiquei impressionado com sua compostura e atenção. Muitos rezavam e cantavam com os olhos fechados”, completou Dom Cavina.
O arcebispo católico-siríaco de Mosul, Mons. Yohanna Petros Mouche, pediu “pessoalmente ao governo italiano um reconhecimento oficial do genocídio para nos ajudar a retornar às nossas terras e continuar a viver em nosso país”.
O cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo interreligioso, acrescentou: “Os cristãos estão sendo mortos, ameaçados, reduzidos ao silêncio ou expulsos; suas igrejas estão sendo destruídas ou correm o risco de virarem museus. O cristianismo arrisca desaparecer precisamente na terra em que se expandiu inicialmente a fé de Cristo.
“Em 1910, 20% da população do Oriente Médio eram cristãos. Agora eles são menos de 4%. Evidentemente há um plano de ação para apagar o Cristianismo do Oriente Médio e isso bem pode ser chamado de genocídio.”
Procissão de Nossa Senhora de Lourdes, na Damasco bombardeada, Síria |
O emocionante relato do bispo de Carpi como que impõe algumas reflexões. Antes de tudo a respeito da fé ardente desses católicos martirizados.
Hoje, nas cátedras eclesiásticas, nas Missas, na mídia, nas pregações ou nos encontros diocesanos nacionais e internacionais, bispos e sacerdotes podem falar dos sofrimentos materiais e corporais dos nossos irmãos na Fé perseguidos e mortos.
Mas quantas vezes falam da religião católica atacada com sanha islâmica, que é feroz senão satânica?
Peguemos a Internet ou a mídia convencional. Onde estão os líderes religiosos católicos denunciando o ódio religioso desencadeado contra Cristo, sua Igreja e seus fiéis seguidores pelos discípulos de Maomé?
Onde estão os convites para Adorações do Santíssimo Sacramento, reza do Terço e outras formas de piedade em união de intenções com aquelas crianças, que talvez tenham perdido parte de suas famílias, cruelmente assassinadas por causa de sua Fé e sujeitas elas próprias a sádicos martírios?
Elas lá, adorando Jesus Sacramentado no que pode ser um dos derradeiros atos de sua curta existência, e nós aqui: o que ouvimos pregar em nossas igrejas?
Mais triste ainda é considerar que multidões de sequazes da furiosa religião de Maomé são acolhidas em nossos países com argumentos humanitários, enquanto esses argumentos de nada valem para as vítimas quando estas são cristãs.
Adoração do Santíssimo Sacramento, no mês de Maria, na catedral de Aleppo, cidade pesadamente bombardeada |
E, mais lancinante do que tudo, Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiramente presente na Hóstia consagrada com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, é devidamente adorado no Oriente Médio por possíveis futuros mártires de poucos anos de idade.
Entrementes, reúne-se em Roma um Sínodo com representantes de todos os episcopados do mundo, cujas mãos consagram a Hóstia todos os dias na Missa.
Muitos deles postularam nada menos do que a entrega do Santíssimo Sacramento à profanação, pela sua distribuição àqueles em situação matrimonial escandalosa: os “divorciados recasados” e outros estados pecaminosos vituperados pela Escritura e pelo Magistério de dois mil anos da Igreja.
Entramos no centenário de Fátima. Não é bem verdade que os terríveis anúncios de Nossa Senhora para a humanidade pecadora, sensual e orgulhosa, não ficam inteiramente explicáveis e inevitáveis à luz dos fatos descritos?
É de se temer mais pelo Ocidente, onde os muçulmanos ainda não andam chacinando todo o mundo pelas ruas – embora já existam atentados espantosos –, do que pelos heroicos católicos resistentes no Oriente Médio.
Estes últimos estão mais próximos da misericórdia divina, do amparo de Nossa Senhora e do próprio Céu, do que as línguas farisaicas de nossos países, igrejas e mídias.
Não estariam os cristãos do orientem vivendo as páginas do Apocalipse?
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