Sir Nigel Lawson: melhor para a Europa que a UE se dissolva |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Lord Nigel Lawson, ministro das finanças britânico de 1983 a 1989, ocupa hoje sua cadeira na Câmara dos Lordes ingleses. Em entrevista ao jornal madrilense “El País”, ele explicou antecipadamente as razões que levariam os súditos de Sua Majestade a votarem pela saída da União Europeia.
A primeira causa que preocupa os britânicos é a perda do controle das próprias fronteiras, controle este que toda nação cônscia de sua soberania deve ter, disse o experimentado político.
Acrescentou que são numerosos os exemplos de que estamos perdendo nossa capacidade de nos governarmos a nós mesmos.
Segundo ele, pode-se aceitar um determinado número de imigrantes, mas não uma imigração ilimitada.
E o que acontece é que no Reino Unido a população cresce mais do que em qualquer outro país europeu, por efeito de uma imigração que não traz beneficio algum. Dessa maneira, a renda per capita vai caindo e os cidadãos estão se empobrecendo.
Outro fator de inconformidade é o fato de as leis excogitadas pelos órgãos da União Europeia passarem por cima de qualquer lei do Parlamento britânico. Da mesma maneira, os acórdãos do Tribunal Europeu de Justiça abalroam e esmagam qualquer decisão das instâncias dos Judiciários nacionais.
Profundamente inglês, Lord Lawson adora a França e por isso nela reside. E acha que o voto pelo Brexit não é contra Europa, mas contra a União Europeia.
O ex-chanceler explica que durante grande parte de sua vida a União Europeia não existiu, e nem por isso ele deixou de gostar da civilização europeia. Do que ele não gosta é da União Europeia, ou UE.
A UE não trouxe nenhuma, mas absolutamente nenhuma harmonia para os povos da Europa, embora declarasse que pretendia fazê-lo.
Abandonar o navio! Para muitos britânicos, e europeus continentais também, a União Europeia entrou numa corrida louca para o fundo dos abismos. Caricatura de Ben Garrison. |
Ninguém com alguma expressão ou peso defende que a Grã-Bretanha devia continuar unida à UE porque esse é um projeto maravilhoso, sublinhou Lord Lawson.
E prosseguiu: “Minha sensação é de que se a UE fez algo de bom, foi no passado. Quando o império soviético veio abaixo, a UE forneceu aos países do bloco soviético uma direção para onde rumar. Mas isso já é passado.
“A UE já cumpriu qualquer objetivo útil para o qual poderia ter servido. Seria melhor para a Europa considerada em seu conjunto que a UE se dissolva. Todos os impérios, e esse é uma espécie de império, acabam se dissolvendo. Não durará para sempre”, explicou.
El acrescentou que o projeto da UE é político e não econômico. Bruxelas está querendo uma união política que a maioria nos povos não quer.
A manchete "Estamos fora!" do Daily Mail ecoou o brado de alivio da maioria dos britânicos |
Para ele, tampouco o Brexit vai significar uma grande catástrofe.
A maior parte do mundo não está na UE e não está morrendo ou sofrendo por causa disso.
Até que para muitos países será melhor estarem fora da EU, e por certo melhor do que os países que estão dentro da União.
O problema não é econômico. O problema é que a UE sempre foi um projeto político, sem dizê-lo claramente, enquanto que a maioria das pessoas não quer isso.
Por isso, é um projeto profundamente antidemocrático.
E é estúpido tentar que os povos façam parte de um projeto cujos objetivos não compartilham. É um projeto absurdo, sublinhou.
Se opção pela permanência tivesse ganhado, o povo britânico teria acabado se arrependendo amargamente. Ele teria percebido que poderia recuperar a liberdade e que só por medo fracassou na tentativa, conclui o Lord.
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