domingo, 3 de março de 2013

Cardeal de Berlim fechará 70% das igrejas católicas no nordeste da Alemanha

Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim
Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim

O cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim, iniciou um plano para em sete anos reduzir 70% das igrejas católicas no nordeste da Alemanha, noticiou a agência Zenit.

“As 105 igrejas da arquidiocese – afirma o Cardeal em carta pública – serão reduzidas para 30 paróquias até 2020”. A diminuição afetará 400 mil católicos da arquidiocese de Berlim.

Em declarações à agência Katholische Nachrichten (KNA), o purpurado explicou que onze paróquias serão supressas anualmente na área outrora comunista que inclui as cidades de Berlim, Brandenburgo y Mecklenberg-Vorpommern.

“Isso não é apenas uma reforma administrativa, mas também uma reforma espiritual”, comentou o arcebispo alemão.

De fato, é uma reforma com causas e efeitos espirituais muito negativos.

O bispo George Maximilian Sterzinsky, antecessor do cardeal Woelki, havia começado a fundir as paróquias a fim de reduzir a dívida da arquidiocese depois da reunificação da Alemanha. Os fiéis não se sentem satisfeitos e não colaboram.


Atualmente, cada paróquia oferece missa de domingo para uma média de 3.810 fiéis. Quantos vão? Não se sabe.

Após a redução planejada, estima-se que cada uma das 30 paróquias que restarão deveria atender uma média de 13.300 católicos.

Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim
Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim
Mas isto é um jogo de números. A única coisa que pode mudar o fundo do problema é o fervor e o interesse dos fiéis. Mas estes não se sentem atendidos por uma dessacralização acentuada e por encenações litúrgicas deturpadas ou sem seriedade.

O arcebispo escreveu às comunidades dizendo-se forçado pelos “processos de desenvolvimento futuro e a redução da população”. De acordo com o cardeal, o número de membros da Igreja será reduzido em 30% em algumas regiões, em um período de até 17 anos.

A solução é então moral e religiosa, mas o cardeal não acena com uma cruzada apostólica restauradora do catolicismo alemão.

O vigário-geral, Tobias Przytarski, informou que os novos párocos serão liberados das tarefas administrativas. Não havendo fiéis para atender, não ficou claro o que é que eles farão.

A arquidiocese quer cobrir “grandes áreas pastorais”, o que significa que as paróquias restantes cooperarão mais estreitamente com a educação católica e as instituições sociais.

80% dos católicos alemães vivem em Berlim, cidade que recebeu um pacote de ajuda de US $ 39 milhões de outras dioceses católicas em 1999.

Esse auxílio foi benéfico, mas a volta ao fervor não se faz à base de milhões de euros.


2 comentários:

  1. Gostaria de comentar este trecho:

    "O vigário-geral, Tobias Przytarski, informou que os novos párocos serão liberados das tarefas administrativas. Não havendo fiéis para atender, não ficou claro o que é que eles farão."

    Uma mentalidade burocrática tomou conta do clero. Acho que o fato de "serem forçados" a deixar as atividades burocráticas é um sinal de esperança, um bom sinal. Mas de fato fica a pergunta: o que vão fazer depois? Será que vão se dedicar a questões eminentemente espirituais, como atender confissões, dar catequese, abençoar os doentes, ou vão se dedicar a algum tipo de ativismo que não tem nada a ver com a fé?

    Alguns anos atrás eu li um livro que já apontava para o erro dos sacerdotes "burocratas". O livro se chama "O Sacerdote no Mundo". É uma tradução do alemão para o português. Gostaria de citar dois trechos desse livro:

    “O futuro pertencerá ao sacerdote verdadeiramente religioso; o mundo não poderá prescindir da Igreja.” p.245

    “O sacerdócio puramente profissional não serve para nada. O sacerdote deve ser uma personalidade religiosa com uma verdadeira missão, ou então, deve aspirar a sê-lo.” p.248

    Outros trechos desse livro, estão publicados em meu blog:

    http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com.br/2012/05/acerca-do-desporto-da-saude-e-da.html

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  2. Queria citar mais um trecho do livro "O Sacerdote no Mundo", pois coloca bastantes luzes sobre o problema do sacerdote "burocrata" que é o contrário do verdadeiro sacerdote.

    Acredito que quanto mais os sacerdotes deixarem tarefas meramente burocráticas e se tornarem homens espirituais que cuidam de suas ovelhas tanto melhor será para os fiéis e para a Igreja em geral.

    (Pfaffe é o sacerdote mercenário.)

    “ ‘Pfaffe’ é o mercenário da religião,ao passo que o sacerdote é o tipo de ser humano elevado e purificado pelo exercício do seu ministério. O termo ‘Pfaffe’ satiriza a atividade sacerdotal encarada como negócio;” p.18

    “Não pode ser bom sacerdote quem não for verdadeiramente espiritual. Não há por isso nada de mais repugnante do que um sacerdote tíbio e sem vida interior. O seu ministério contradiz a sua vida, a sua vida opõe-se ao seu trabalho, fazendo-o perder o seu significado e reduzindo-o a uma simples mentira.” p.18-19.

    “Mas o que caracteriza o sacerdote mercenário é o fato de converter o sagrado ministério em mecanismo e rotina, numa ausência do mais elementar espírito religioso.” p.19

    “O sacerdote-funcionário já não aplica à sua conduta é à do homem o critério de Cristo, mas sim um repertório casuísta.” p.19

    Fonte:
    O Sacerdote No Mundo – Josef Selmair
    Editorial Áster Lisboa, 1960, Lisboa
    Tradução de Die Priester in der Welt

    http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com.br/2012/04/excertos-o-sacerdote-no-mundo-por-josef.html

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