Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim |
O cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim, iniciou um plano para em sete anos reduzir 70% das igrejas católicas no nordeste da Alemanha, noticiou a agência Zenit.
“As 105 igrejas da arquidiocese – afirma o Cardeal em carta pública – serão reduzidas para 30 paróquias até 2020”. A diminuição afetará 400 mil católicos da arquidiocese de Berlim.
Em declarações à agência Katholische Nachrichten (KNA), o purpurado explicou que onze paróquias serão supressas anualmente na área outrora comunista que inclui as cidades de Berlim, Brandenburgo y Mecklenberg-Vorpommern.
“Isso não é apenas uma reforma administrativa, mas também uma reforma espiritual”, comentou o arcebispo alemão.
De fato, é uma reforma com causas e efeitos espirituais muito negativos.
O bispo George Maximilian Sterzinsky, antecessor do cardeal Woelki, havia começado a fundir as paróquias a fim de reduzir a dívida da arquidiocese depois da reunificação da Alemanha. Os fiéis não se sentem satisfeitos e não colaboram.
Atualmente, cada paróquia oferece missa de domingo para uma média de 3.810 fiéis. Quantos vão? Não se sabe.
Após a redução planejada, estima-se que cada uma das 30 paróquias que restarão deveria atender uma média de 13.300 católicos.
Cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo de Berlim |
O arcebispo escreveu às comunidades dizendo-se forçado pelos “processos de desenvolvimento futuro e a redução da população”. De acordo com o cardeal, o número de membros da Igreja será reduzido em 30% em algumas regiões, em um período de até 17 anos.
A solução é então moral e religiosa, mas o cardeal não acena com uma cruzada apostólica restauradora do catolicismo alemão.
O vigário-geral, Tobias Przytarski, informou que os novos párocos serão liberados das tarefas administrativas. Não havendo fiéis para atender, não ficou claro o que é que eles farão.
A arquidiocese quer cobrir “grandes áreas pastorais”, o que significa que as paróquias restantes cooperarão mais estreitamente com a educação católica e as instituições sociais.
80% dos católicos alemães vivem em Berlim, cidade que recebeu um pacote de ajuda de US $ 39 milhões de outras dioceses católicas em 1999.
Esse auxílio foi benéfico, mas a volta ao fervor não se faz à base de milhões de euros.
Gostaria de comentar este trecho:
ResponderExcluir"O vigário-geral, Tobias Przytarski, informou que os novos párocos serão liberados das tarefas administrativas. Não havendo fiéis para atender, não ficou claro o que é que eles farão."
Uma mentalidade burocrática tomou conta do clero. Acho que o fato de "serem forçados" a deixar as atividades burocráticas é um sinal de esperança, um bom sinal. Mas de fato fica a pergunta: o que vão fazer depois? Será que vão se dedicar a questões eminentemente espirituais, como atender confissões, dar catequese, abençoar os doentes, ou vão se dedicar a algum tipo de ativismo que não tem nada a ver com a fé?
Alguns anos atrás eu li um livro que já apontava para o erro dos sacerdotes "burocratas". O livro se chama "O Sacerdote no Mundo". É uma tradução do alemão para o português. Gostaria de citar dois trechos desse livro:
“O futuro pertencerá ao sacerdote verdadeiramente religioso; o mundo não poderá prescindir da Igreja.” p.245
“O sacerdócio puramente profissional não serve para nada. O sacerdote deve ser uma personalidade religiosa com uma verdadeira missão, ou então, deve aspirar a sê-lo.” p.248
Outros trechos desse livro, estão publicados em meu blog:
http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com.br/2012/05/acerca-do-desporto-da-saude-e-da.html
Queria citar mais um trecho do livro "O Sacerdote no Mundo", pois coloca bastantes luzes sobre o problema do sacerdote "burocrata" que é o contrário do verdadeiro sacerdote.
ResponderExcluirAcredito que quanto mais os sacerdotes deixarem tarefas meramente burocráticas e se tornarem homens espirituais que cuidam de suas ovelhas tanto melhor será para os fiéis e para a Igreja em geral.
(Pfaffe é o sacerdote mercenário.)
“ ‘Pfaffe’ é o mercenário da religião,ao passo que o sacerdote é o tipo de ser humano elevado e purificado pelo exercício do seu ministério. O termo ‘Pfaffe’ satiriza a atividade sacerdotal encarada como negócio;” p.18
“Não pode ser bom sacerdote quem não for verdadeiramente espiritual. Não há por isso nada de mais repugnante do que um sacerdote tíbio e sem vida interior. O seu ministério contradiz a sua vida, a sua vida opõe-se ao seu trabalho, fazendo-o perder o seu significado e reduzindo-o a uma simples mentira.” p.18-19.
“Mas o que caracteriza o sacerdote mercenário é o fato de converter o sagrado ministério em mecanismo e rotina, numa ausência do mais elementar espírito religioso.” p.19
“O sacerdote-funcionário já não aplica à sua conduta é à do homem o critério de Cristo, mas sim um repertório casuísta.” p.19
Fonte:
O Sacerdote No Mundo – Josef Selmair
Editorial Áster Lisboa, 1960, Lisboa
Tradução de Die Priester in der Welt
http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com.br/2012/04/excertos-o-sacerdote-no-mundo-por-josef.html