Igrejas de toda denominação fecham por falta, em verdade abandono da Fé |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Segundo matéria do “The Economist”, o vigário, o rabino ou o imã enfrentam hoje o mesmo agudo problema: seus templos não são mais frequentados, tamanho é o abandono da religião e progresso do materialismo.
A pandemia acelerou a mudança dando a muitos a desculpa para parar de aparecer. E os religiosos aproveitaram para transferir seu ministério sacerdotal para serviços virtuais como Zoom.
Agora, os prédios reabrem, mas os fiéis retornam tacanhamente. Prevalece o abandono do sobrenatural e triunfa a adoração da saúde material.
Muitas organizações religiosas liquidam suas propriedades. Igrejas vão à falência. Os economistas julgam os grupos religiosos como empresas que visam o retorno como fariam açougueiros, padeiros e cervejeiros.
A comunidade dos fiéis é substituída por marqueteiros religiosos |
O ateísmo imperante manipula a religião como um objeto de mercado e manda a fé para baixo talvez como nunca. Do lado da demanda, as igrejas do mundo ocidental estão sofrendo com a secularização global. Mas essa começou muito antes da pandemia.
Nos EUA os cidadãos que se identificam como cristãos caíram de 82% em 2000 para menos de 75% em 2020.
Segundo a última pesquisa da World Values Survey, cerca de 30% dos americanos assistem a um serviço religioso uma vez por semana. Isso é muito pouco. Eram 45% na virada do milênio.
As congregações apelam a qualquer atração para reunir seguidores e doadores. Apareceu a “missa Harry Potter”, a “missa do tropeiro”, etc., etc.
Para Roger Finke, da Pennsylvania State University, as “religiões” hodiernas visam os gostos dos consumidores.
O Milton Keynes Christian Center na Grã-Bretanha, faz cursos de educação religiosa e grupos de oração online e presenciais, criou um banco de alimentos e abriu uma “suíte sensorial” para crianças.
Foi-se o amor enlevado por Jesus, Maria, os anjos e o santos.
Os fiéis “pulam de igreja”, trocado de denominação ou do padre/pregador/milagreiro/ popular presencial ou virtual, ou como se Deus ou o diabo dessem na mesma.
A religião organizada trata seu público alvo como fazem os proprietários de shoppings, e escritórios vagos ou empresas on-line. Eles repensam sua propriedade em termos monetários.
Cessa a reunião dos fiéis no culto a Deus |
Agora o Vaticano especula com milhares de prédios nas áreas mais chiques de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia joga em Hollywood com prédios que valem US$ 400 milhões, um castelo de estilo medieval na África do Sul e uma mansão do século XVIII em Sussex, Inglaterra.
As instituições religiosas menores também compram e vendem propriedades em aras de sua riqueza terrena. Templos, sinagogas e mesquitas abrem os olhos com o aumento dos preços dos imóveis.
Mas 200 prédios construídos para a glória de Deus na Grã-Bretanha fecharam por ano na última década. Centenas podem ser vendidos ou demolidos. Nos EUA, dezenas de milhares de prédios podem fechar para sempre. Quase um terço das sinagogas americanas fechou nas últimas duas décadas.
A igreja gótica de Santa Maria em Berlim, cheia de afrescos e relevos de pedra de séculos têm os bancos vazios.
Para o pastor luterano Gregor Hohberg os jovens berlinenses satisfazem suas “necessidades religiosas” com ioga e meditação oriental. O público não quer casais homossexuais e pastoras.
O abandono dos templos exige reparos urgentes proibitivos. A Igreja da Inglaterra precisa de £ 1 bilhão (US $ 1,3 bilhão) – mais de sete vezes sua receita anual em 2020 – para reparos nos próximos cinco anos.
Nos EUA as despesas com os edifícios representam mais de um quarto dos orçamentos. E as igrejas do país têm 80% mais espaço do que precisam.
A igreja se esvaziou, só ficou um contato etéreo não presencial. Isso é Igreja? |
As Testemunhas de Jeová com 9 milhões de adeptos venderam sua sede britânica. A Sentinela Hillsong, uma megaigreja australiana aluga teatros, cinemas e outros locais para os cultos de domingo.
Outra abordagem mais empresarial consiste em que se sua denominação ou nome marketeiro não prospera, então vai e funda outra.
O pastor Jim Tomberlin, que também é consultor com sua congregação hipotecada em US$ 450.000 se fundiu com outra congregação. “Os adeptos e doadores reconheceram que ou nos fundimos ou morremos”.
Cessado o contato com Deus, só fica a diversão disfarçada de religião |
A tendência começou antes da Covid e não é motivada pela teologia, mas pelo fluxo de caixa, entre católicos romanos, sinagogas e outras religiões. Mas é mais comum entre as igrejas protestantes.
É um negócio, mas estouram brigas por dinheiro entre os líderes “religiosos”. Nas fusões perdem-se seguidores mas quase mil líderes de igrejas passaram por uma fusão na última década.
Como resultado de fusões surgiram cerca de 1.750 “megaigrejas” protestantes com mais de 2.000 participantes regulares e orçamentos multimilionários.
Os economistas pensam que a competição religiosa é saudável, porque esquecem a fé. O vírus fez com que instituições piedosas olhassem um balanço de seus ativos comerciais e esquecessem os espirituais.
Não é isto a gargalhada satânica do triunfo do ateísmo?
Pode se achar que esse ambiente não atrai os castigos anunciados em Fátima?
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