Montagem na igreja abandonada de São Jorge na República Tcheca da imagem surrealista da crise na igreja |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No último Natal, uma pesquisa do prestigiado Pew Research Center contou que apenas 21% dos americanos se afirmam católicos romanos e 20% disse não acreditar em “nada em particular”.
A geração dita dos “millenials”, que inclui a maioria dos adultos americanos com menos de 40 anos, é a primeira da história americana em que os cristãos de todas as confissões somadas estão em minoria, segundo comentou o “The New York Times”.
O argumento foi muito discutido num livro publicado em Paris pela teórica política francesa Chantal Delsol.
Para ela estamos vivendo o fim da civilização cristã, que ela posiciona entre a vitória do catolicismo sobre os pagãos no final do século IV e o abraço do Papa João XXIII ao ecumenismo religioso e a legalização do aborto no Ocidente a partir da decisão da Corte Suprema americana no caso ‘Roe vs Wade’.
No livro “O Fim da Cristandade”, a autora não foca a fé cristã, mas apenas a cultura, a arte, a filosofia e as tradições que o cristianismo inspirou.
A autora examina a mudança civilizacional em andamento há 1.600 anos. Imenso período em que nasceu, se desenvolveu e decaiu a maior das civilizações que o mundo conheceu: a Cristã.
Mas hoje, observa ela, a vida cultural cristã, de cunho inegavelmente ocidental, está sendo removida enquanto afloram impulsos pagãos que se diria sepultados nas cavernas da História.
Na Civilização Crista, a sociedade se expande em feliz consórcio sob a bênção de Cristo |
A expressão é muito forte, mas a realidade é apavorante.
Há uma queda rumo à desordem profunda, ao ateísmo ou a superstições degradantes.
Inclusive à dureza e até à violência cruel praticada já antes de nascer, durante a vida toda de inúmeras formas, e até contra a velhice extrema e indefesa.
Certa feita, um amigo francês, pai de família e católico praticante encontrou-se com um bispo de seu país formado no espírito da era pós-Civilização Cristã mas com tonalidades ditas “conservadoras”.
O prelado foi amável e loquaz até que por fim resumiu seus pontos de diferenciação e disse: “a única coisa que nos separa é que o Sr. acredita na Cristandade”.
Com imenso respeito pela alva batina, um recente pontífice escreveu que a Cristandade é a ideia central da tentação do diabo no deserto ao próprio Jesus Cristo.
E o Papa Francisco estarreceu o mundo participando em cerimoniais pagãos de adoração ou veneração à Pachamama indígena sul-americana.
Como então evitar que o mundo afunde nos negrumes sinistros do paganismo quando os altos prelados assim agem? Eles, os incumbidos por Deus Nosso Senhor de levar o doce Reino de Cristo – a Cristandade – a todos os povos da terra em decorrência da pregação da fé católica?
A autora de “O Fim da Cristandade” faz bem pondo o início da emersão do paganismo no Ocidente cristão, na Renascença, voltando a cair nos vícios e nos erros antigos.
Já tinha observado o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que na decadência da Civilização Cristã medieval que “a admiração exagerada, e não raro delirante, pelo mundo antigo, serviu como meio de expressão a esse desejo: o Humanismo e a Renascença tenderam a relegar a Igreja, o sobrenatural, os valores morais da Religião, a um segundo plano.
“O tipo humano, inspirado nos moralistas pagãos, já era o legítimo precursor do homem ganancioso, sensual, laico e pragmático de nossos dias, da cultura e da civilização materialistas em que cada vez mais vamos imergindo”. (“Revolução e contrarrevolução”, Artpress, SP, 1998)
São Antônio de Padua, fazendo um milagre eucarístico |
Como aqueles que viram no incêndio de Roma a realização das profecias do Apocalipse, muitos conservadores do século XXI pensam algo semelhante sobre o futuro de nossa civilização.
Mas, eis o grande engano dos que imaginam possível uma outra “civilização” – se é que podemos chamar de civilização ao caos que vai tomando conta do mundo – se instalar na Terra ou em grande parte dela.
Delsol se preocupa com códigos, idiomas, centros educativos, propaganda de massa, de uma ordem pública como a da Roma pagã, onde a religião e a moral eram separadas com resultados em geral sombrios.
O neopaganismo hodierno com toda sua tecnologia, imoralidade e riquezas ameaça desabar de um momento a outro. A civilização vindoura será cristã ou não será,
“A civilização do mundo é a Civilização Cristã, tanto mais verdadeira, mais duradoura, mais fecunda em frutos preciosos, quanto é mais autenticamente cristã”, ensinou o grande Papa São Pio X na encíclica “Il fermo proposito” (ASS, vol. 37, 1905, p. 745).
Nas tormentas contemporâneas o neopaganismo sopra os piores vagalhões. Porém, podemos ter certeza de que não estamos no Fim do Mundo, mas no prelúdio de uma era em que o Evangelho triunfará e será praticado por todos os povos da Terra.
A paz de Cristo.
ResponderExcluirGrande artigo! Obrigado, sr. Luis. Infelizmente, as pessoas estão cada vez mais voltadas ao paganismo, esquecendo-se que sem Deus, Jesus Cristo, não há vida; no sentido amplo da palavra. E também, sem a Santíssima Trindade na vida das pessoas, o mal floresce na sociedade, onde o aborto, a ideologia de gênero, lgbt., eutanásia, o feminismo, etc., são "pautas" cada vez mais "normais" na vida cotidiana de um povo.
Sodoma e Gomorra, pereceu assim. O povo da época de Noé, pereceu assim. O Império Romano, pereceu assim, o Império Soviético, altamente ateísta; pereceu assim.
Sem a Santíssima Trindade na vida das pessoas, a atual civilização humana, também perecerá.
Oremos, meus irmãos.
Abs.