terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Mansões de “famosos” tem tudo menos biblioteca

Mansões que exibem bilhões mas faltam livros
Mansões que exibem bilhões mas faltam livros
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O jornalista espanhol Arturo Pérez-Reverte acompanha celebridades da moda e do jet-set há umas três décadas.

Ele escreveu em “La Nación” ter conhecido celebridades de toda espécie atores, exibicionistas, esportistas, modelos, “banqueiros com ou sem vergonha”, “burros estúpidos de ambos os sexos” com vestidos estilizados, ironizou. 

Na verdade, segundo ele, são analfabetos pouco apresentáveis, que enchem sem cessar jornais, rádios, TVs, redes sociais e capas de revistas ávidas de retornos econômicos. Como, aliás, fazem seus continuadores nas redes sociais.

O que faz que essa gente sem verdadeiras qualidades morais, familiares, históricas, culturais, meros figurinos da moda, encher manchetes?

Aparecem e desaparecem sem cessar prometendo entretenimento.

Muitos milhões gastos em tudo menos para cultura diz Arturo Pérez-Reverte
Muitos milhões gastos em tudo menos para cultura diz Arturo Pérez-Reverte
Entretanto, o que fazem não é genuinamente divertido, amigável, alegre, agradável, atraente, charmoso, engraçado, sedutor, fascinante, sugestivo, agradável, jovial, folclórico ou qualquer sinônimo capaz de dar variedade à diversão. Nada disso, comenta Pérez-Reverte.

Pelo dinheiro, a revista ou a rede social visa o hilário ou o sensacional. É raro ter uma semana em que não haja meia dúzia de assuntos com esse adjetivo. Há muito tempo tudo é divertido para os meios ou para as redes.

As reportagens mostram a luxuosa mansão de algum deles: a influencer num local inesperado, a designer que descreve sua propriedade com cães ou bichos de estimação incluídos, o esportista ou artista exibe milhões gastos em extravagâncias.

Um dado revelador entretanto é a ausência de bibliotecas nas casas dessas pessoas. Em todos os casos procuro ver se exibem uma biblioteca que era de se esperar em mansões desse nível. Mas nunca encontro, ou quase nunca, confia Pérez-Reverte.

As fotos mostram a sala de jantar, a sala de estar, quarto, banheiro, piscina; mas, muito raramente aparece uma biblioteca que em alguns casos, e é justo dizer, é muito boa.

A maior parte do que os médios chamam de bibliotecas são salas onde há alguns livros antigos ou formatados sobre arte, viagens e afins, colocados mais para decoração do que para leitura.

Despesas fabulosas para ricazos 'analfabetos'
Despesas fabulosas para ricazos 'analfabetos', segundo Arturo Pérez-Reverte
Basta ver como eles ficam nas prateleiras, encostados uns nos outros de uma forma que nenhum leitor de verdade arrumaria os seus. Falta o núcleo elementar de uma biblioteca séria.

Tudo isso me comunica uma dúvida mais ou menos razoável, comentou o jornalista.

Será que essa habitual ausência de bibliotecas se deve ao fato de não haver livros nas casas fotografadas?

A filha Carlota do autor, quando tinha oito anos foi à festa de aniversário de uma amiga. E voltou muito impressionada dizendo: “Ei, papai, com certeza os pais da Marcela estão com os livros lá embaixo, no porão, porque não vi nenhum lá em cima”.

Será que tinham? Essa ausência é reveladora do profundo vazio moral e cultural desses tão promovidos influencers.


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