terça-feira, 15 de agosto de 2023

Corte Suprema ilegaliza "cotas raciais” nos EUA

Suprema Corte dos EUA que aboliu as 'cotas raciais'
Suprema Corte dos EUA que aboliu as 'cotas raciais'
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A Suprema Corte dos EUA rejeitou a “ação afirmativa” em faculdades e universidades de todo o país, declarando que os programas de admissão com critério racial seletivo em Harvard e na Universidade da Carolina do Norte eram ilegais e restringiam drasticamente um pilar do ensino superior, noticiou “The New York Times”.

A votação foi de 6 a 3, com os membros esquerdistas da Corte encolerizados. O Partido Democrata, incluindo o presidente Biden, também se imiscuíram no caso rotulando a decisão de retrocesso. Logo depois do voto, Biden instou pela TV a inverter a decisão para que não seja “a última palavra”.

“A discriminação ainda existe na América”, disse ele, repetindo suas palavras para enfatizar. “A decisão de hoje não muda isso.”

Biden fez uma pausa quando um repórter perguntou se o tribunal era “desonesto”. “Este não é um tribunal normal”, respondeu ele.

A “ação afirmativa” introduzia um racismo invertido.

Alegando combater o racismo que privilegia brancos por cima de negros, estabelecia números obrigatórios, ou cotas, de alunos preferidos pela sua cor de pele escura na admissão e na graduação. Acabou dando num racismo ao revés, favorecendo a uns contra outros em função da cor da pele.

Ficava assim desprezado um principio básico do ambiente universitário segundo o qual a admissão e aprovação dependia do esforço e mérito do estudante no aprendizado, independente de qualquer outro fator.

O “racismo positivo” introduzia na vida universitária o que se dizia querer eliminar. O critério começou a se expandir a outros ambientes, como no trabalho: cotas raciais nas empresas, na polícia, etc.

E se isso valia para os afrodescendentes, apareceram as reclamações de cotas para latinos, amarelos, mulheres, LGBT, se configurando um rígido e aberrante esquema seletivo em função da raça, sexo, etc.

A Universidade da Carolina do Norte obteve ganho de causa após muito processo por discriminaação 'contra os brancos'!!!
A Universidade da Carolina do Norte obteve ganho de causa
após muito processo por discriminação 'contra os brancos'!!!
O Pew Research Center mostrou que metade dos americanos não apoia que faculdades e universidades levem em consideração raça e etnia nas decisões de admissão.

Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana, um dos maiores grupos conservadores do país, disse que a decisão, combinada com a decisão do tribunal sobre o aborto no ano passado, “serve como um retorno triunfante da restauração de nossa Constituição esfarrapada”.

Muitos negros com títulos de prestigiosas universidades meritoriamente ganhos passaram a ser mal vistos na procura de emprego ou de alguma posição social. Seriam eles dos que passaram só pelas quotas? Nesse caso sua capacitação seria duvidosa.

Não era possível saber se um afrodescendente mostrou grande capacidade na Universidade, então na admissão no trabalho ficava uma desconfiança e se dificultava injustamente sua entrada no mercado de trabalho.

A “ação afirmativa” funcionava como um tiro pela culatra.

Até os juízes Thomas e Jackson, membros negros da Suprema Corte, trocaram farpas particularmente afiadas entre si.

“Como ela vê as coisas”, escreveu o juiz Thomas discordando da juíza Jackson, “estamos todos inexoravelmente presos em uma sociedade fundamentalmente racista, com o pecado original da escravidão e a subjugação histórica dos negros americanos ainda determinando nossas vidas hoje”.

Os queixosos contra a Universidade da Carolina do Norte, arguiam que ela discriminava os candidatos brancos e asiáticos em favor dos negros, hispânicos e nativos americanos. Uma oposição racial que nada tem a ver com a instituição universitária.

Antes de chegar ao Supremo as universidades venceram em tribunais federais, e a decisão a favor de Harvard foi confirmada por um tribunal federal de apelações.

A decisão se aplica a todo o país
As 'cotas raciais' estabeleciam odioso tratamento, mas agora a proibição se aplica a todo o país
Em seu voto, a juíza Sotomayor, do Supremo, incluiu uma declaração de guerra racial dando base para uma revolta contra a decisão agora aprovada.

“A busca pela diversidade racial continuará”, incitou ela.

“Embora o tribunal tenha eliminado quase todos os usos de raça nas admissões em faculdades, as universidades podem e devem continuar a usar todas as ferramentas disponíveis para atender às necessidades da sociedade por diversidade na educação”.

E desqualificou a decisão de seu Tribunal cujo respeito ela deveria exigir dizendo: “apesar do exercício injustificado do poder do tribunal, a opinião de hoje servirá apenas para destacar a própria impotência do tribunal diante de uma América cujos gritos por igualdade ressoam”.

Num ambiente americano de violentas manifestações com mortes atribuídas à polícia supostamente por causa da cor de pele do suspeito, o julgamento do Supremo vem a trazer bom senso. Mas seus opositores estão dispostos a partir a novos conflitos.


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