segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Internet abala a vida interna de mosteiro de clausura


No mosteiro de Notre-Dame-de-la-Plaine, na periferia de Lille, norte da França, a entrada da Internet abalou a vida monástica e a clausura das religiosas bernardinas, segundo entrevista do diário parisiense “Le Monde” à superiora da comunidade.

As religiosas decidiram introduzir a Internet na área da clausura com a ilusão de contribuírem com a evangelização e fazerem pesquisas sobre matérias monásticas e religiosas. Mas os temas procurados começaram a se misturar com mundanismos aos quais as religiosas haviam renunciado na hora de ingressar no convento.

E, dos mundanismos “ingênuos” na fronteira do tolerado, passaram a beirar precipícios, como reconheceu a Irmã Mary-Helen, priora general da Ordem das Bernardinas.

A superiora, bem penetrada do ‘espírito pós-conciliar’, acabou preferindo fechar os olhos ao que se passa nos conventos.

“Eu confio em nossas freiras. Elas não visitam sites satanistas ou pornográficos – disse, para estupor do jornalista que a entrevistava. Eu conheço mosteiros onde foi necessário instalar um controle parental (recurso para evitar esses sites perigosos)... mas eu não acho que exista necessidade. Cada uma tem que se controlar.”

Mas a irmã Marie-Francis, de 91 anos, 66 dos quais passados no convento, exprimiu a forte impressão de que com essa novidade as religiosas estão perdendo seu tempo e sua razão de ser.

Na França, o “aggiornamento” religioso reduziu o número de religiosas de clausura a menos de 3.700. Há apenas 170 professas temporárias que poderiam ocupar o lugar das antigas.

A crise das vocações é alarmante e a Internet virou um instrumento de duplo gume. Altas autoridades eclesiásticas a estimulam como possibilidade de difundir o estilo de vida de renúncia radical ao mundo que empolgou almas de elite durante séculos.

Porém, os resultados, a julgar pela entrevista da superiora das bernardinas, apontam para um futuro desastroso dissimulado numa chuva de incessantes emails e conversas por Skype.



Um comentário:

  1. Alguns missionários italianos com quem tive convivência costumavam dizer alguns, anos atrás, quando a internet não era comum: levar a televisão para o quarto é a mesma coisa que levar a prostituta para a cama, fazendo referência ao mau conteúdo da televisão. O que não dizer da internet então? No entanto, mesmo assim vejo como positivo o uso da internet nos mosteiros e seminários e conventos. Digo isso porque hoje em dia a internet é a única fonte segura de informações, pois a grande mídia oculta, seja através de um serviço de desinformação, seja através do entretenimento fútil e leviano, o que se está passando no mundo; além do que a internet se tornou um meio de comunicação como o telefone. Como qualquer instrumento é o seu uso que determina se será bom ou mau.
    O problema da falta de vocações, ao meu ver, é geral; afeta todas as Ordens religiosas. Tem mais a ver com a descrença dos jovens pelos valores cristãos, inclusive com o casamento.

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