Igreja do mosteiro de Santo Domingo el Real que fechou sem vocações |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O mosteiro de Santo Domingo el Real de Madri foi suprimido, após 805 anos de existência, por absoluta falta de religiosas.
Entre suas relíquias se destacava a pia batismal de Santo Domingo de Gusmão na qual são batizados os príncipes da casa real espanhola, informou a própria Ordem Dominicana.
Essa casa religiosa de oração e penitencia foi fundada pelo próprio santo de Burgos, Santo Domingo de Gusmão, durante a sua visita, em 1218, a Madri.
Numa cerimônia privada antes de uma missa especial foi lido o patético decreto suprimindo o Mosteiro. A relíquia vinda de Caleruega, província de Burgos foi transferida para a Basílica de Nossa Senhora de Atocha.
A emoção de irmãs de muitos outros mosteiros que beiram a mesma triste sorte não apagou a conclusão racional: a modernização da vida religiosa e a relativização da disciplina original no período pós-conciliar.
O progressismo prometia que faria florescer a antiga vida monacal relativizando-a.
Na prática derrubou as mais veneráveis comunidades, afastou as vocações e hoje entrega os prédios ao uso secular em proporções assustadoras rumo à extinção a nível nacional.
Por ocasião dos batismos reais, a fonte batismal era transferida para a cerimônia no Palácio Real, pois os herdeiros da Coroa eram confiados à Virgem de Atocha, co-padroeira de Madrid, escreveu “o site “Espanha na história”.
A pia batismal é de pedra calcária, do século XII, e coberta por uma tampa prateada, onde se destacam os escudos da Casa Real e da Ordem dos Pregadores.
Mais um ato doloroso da revolução que abala a Igreja e destrói até o passado glorioso da ordem temporal cristã, ou Cristandade.
Carmelita exibe mão de Santa Teresa, em convento em risco de fechamento |
No sagrado claustro se custodia a muito venerada mão incorrupta de Santa Teresa de Jesus, mas ela poderá ser levada embora caso feche o convento.
As irmãs lançaram um apelo de última instância pedindo a incorporação de pelo menos duas freiras à sua comunidade para evitar que a execução de uma exortação do Papa as obrigue a fechar o mosteiro.
As últimas quatro irmãs são idosas, e uma delas muito doente. “O prédio está desabando”, disse ao jornal “ABC” a madre Jennifer, superiora deste convento do Coração Eucarístico de Jesus.
Falando do mundo atual disse a irmã Jennifer: “buscamos o nosso prazer, e é por isso que há cada vez menos vocações, menos casamentos e menos paternidades”.
As mães carmelitas de Ronda se sustentam fazendo doces conventuais durante todo o ano, embora o seu maior orgulho seja custodiar o relicário do século XVII com a mão incorrupta de Santa Teresa de Jesus.
A extraordinária relíquia é objeto de devoção e peregrinação há séculos e a sua presença em Ronda tem atraído milhares de fiéis em busca de graças, milagres e auxílios espirituais.
Convento del Corazón Eucarístico de Jesús, de Ronda, será clausurado por falta de religiosas |
E entre os numerosos pereginos não há só espanhóis, mas grande número de estrangeiros. “Muitos vêm da Polónia, da Rússia e até da Coreia e do Iraque”, explica.
A mão de Santa Teresa chegou a Ronda após a exumação dos restos mortais da santa em outubro de 1582, e passar por vários conventos da ordem como o de São José de Ávila e de Santo Alberto de Lisboa.
No século XIX, a revolução portuguesa de 1910 ferozmente antimonárquica e anticatólica, expulsou as carmelitas de Portugal. Algumas foram para o convento de Ronda com o relicário nas mãos.
Na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a mão foi confiscada pelas tropas de Franco até à morte do ditador. Só então a relíquia foi devolvida ao convento, onde permanece até hoje.
“A maior vergonha consiste em que Ronda fique sem este convento” lamenta a irmã Jennifer, que recorda o fechamento de outras casas religiosas como a das Filhas da Caridade e muitas outras no resto da Espanha por obra do devastador vento pós-conciliar.