terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Três imagens que escaparam da destruição pelos pagãos em Nagasaki

A 'Virgem Milagrosa', ou Mater Boni Consilii, de Badoc, Filipinas, chegou boiando milagrosamente pelo ma num caixa
A 'Virgem Milagrosa', ou Mater Boni Consilii, de Badoc, Filipinas,
chegou boiando milagrosamente pelo mar numa caixa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Imagens sagradas que resistem inexplicavelmente a terremotos, tsunamis, grandes e pequenos incêndios, ou atentados dolosos, vêm sendo publicadas por nós, na medida em que fontes idôneas fornecem informações sérias.

Não corremos atrás dessas informações, apenas publicamos aquelas que nos chegam pela sua repercussão ou efeito natural, e isso porque temos a certeza de que essas proteções milagrosas são muito mais comuns do que imaginamos.

A Divina Providência, Nosso Senhor, Nossa Senhora, santos e anjos, estão a todo momento protegendo, resguardando, salvando, fazendo maravilhas, talvez em muitas ocasiões sem serem percebidos pelos homens.

Recebemos meses atrás uma prova disso. Trata-se de um fato acontecido há mais de quatro séculos, e no longínquo Japão!

Nesse importante país do Oriente, a chegada de São Francisco Xavier, S.J., em 1549, abriu uma era de heroicas missões e numerosas conversões.



Infelizmente, essa época gloriosa foi interrompida em 27 de janeiro de 1614, quando o Tokugawa Shogun ordenou a expulsão de todos os missionários cristãos, além da destruição das igrejas já edificadas.

A descrição dos fatos a seguir foi extraída do blog Blessed Justo Takayama Ukon.

O Shogun era uma espécie de generalíssimo do exército imperial, que de fato exercia poderes de governo, pois o imperador não se ocupava disso.

O Beato Justo Takayama Ukon e 350 católicos deportados para as Filipinas. O Beato levava escondida a Nossa Senhora do Rosário
O Beato Justo Takayama Ukon e 350 católicos deportados para as Filipinas.
O Beato levava escondida a Nossa Senhora do Rosário
Aconteceu de a maioria dos daimyos católicos ter apostatado. Os daimyo eram senhores feudais de grandes extensões de terras e com enorme influência local, algo parecido aos senhores feudais medievais da Europa e aos “coronéis” no Brasil.

Esses daimyos renegados forçaram seus súditos a apostatar também, com exceções gloriosas, como a do nobre Beato Justo Ukon Takayama (1552-1615), e a do samurai Joan Tadatoshi Naitō (falecido em 1626), senhor do castelo de Yagi.

Porque eram nobres esses potentados não foram mortos, mas exilados nas Filipinas, onde faleceram.

O povo foi objeto de uma brutal campanha de extermínio, com milhares de pessoas martirizadas em Kyushu e outras partes do país, ademais de torturadas ou forçadas a renunciar à nossa religião.

Chega-se a se supor que os mártires japoneses nos séculos da perseguição superaram em número os mártires romanos.

Em 1614 o daimyo Beato Justo Ukon Takayama liderou o primeiro barco de 350 exilados para Manila, Filipinas.

O Shogun decretou a destruição de todos os locais de culto cristão e a expulsão de todos os missionários, estrangeiros ou nascidos no Japão.

Para tal mudança teriam influído muito as intrigas dos protestantes holandeses, que cobiçavam o monopólio comercial com o Império do Sol Nascente.

A fúria assassina do Shogun visou especialmente a destruição de todas as igrejas em Nagasaki. Com os esforços evangélicos dos jesuítas (desde 1549), franciscanos (1593), dominicanos (1602) e agostinianos (1602), havia muitas comunidades católicas em Kyoto, Osaka, Sakai e na Península de Noto.

Nossa Senhora do Rosário, dita 'La Japona', salva pelo Beato Justo Takayama Ukon do ódio pagão
Nossa Senhora do Rosário, dita 'La Japona',
salva pelo Beato Justo Takayama Ukon do ódio pagão
Mas, o maior número se encontrava em Nagasaki, que em 1614 contava com 14 igrejas e santuários. Todos foram destruídos.

Na onda profanadora pagã resistiram, contudo, três imagens religiosas do maior valor que hoje se encontram nas Filipinas, de onde tinham sido levadas originariamente pelos missionários.

A primeira é a de Nossa Senhora do Santo Rosário, conhecida como “La Japona”, levada para Satsuma pelos dominicanos em 1602.

Esta imagem foi confiada ao daimyo Beato Justo Takayama que na hora de embarcar para o exílio a ocultou numa cabine que lhe foi reservada, enquanto os missionários deportados dormiam no convés, ao relento.

Ela provinha da Igreja de Santo Domingo de Nagasaki, e hoje se encontra na igreja de São Domingos, na cidade de Quezon.

A segunda delas é o Santo Cristo levado ao Japão por missionários agostinianos em 1612. A estátua de Santo Cristo é de um Nazareno Negro crucificado, semelhante a outro de origem mexicana que está na Basílica Menor do Nazareno Negro, em Quiapo, Manila.

A terceira imagem é a de Nossa Senhora do Bom Conselho (Mater boni Consilii), levada pelos agostinianos em 1612.

Essas duas tivessem foram postas numa caixa presumivelmente por dois mártires japoneses antes de caírem nas mãos dos pagãos.

A caixa foi impelida pela “corrente (marítima) do Japão” e resgatada por pescadores filipinos, felizmente católicos. Ao abrirem a caixa, ficaram surpresos diante da estátua de Jesus Nazareno, dito “Negro”, e uma imagem de Nossa Senhora segurando o Menino Jesus.

Imediatamente eles consideraram as estátuas como um sinal da Providência, verdadeiro presente do Céu. Aconteceu de os pescadores serem de cidades diversas: os de Sinait não conseguiam mover a estátua da Bem-Aventurada Virgem Maria, mas não tiveram dificuldade em mover a estátua do Nazareno Negro.

Santo Cristo de Sinait, igreja de San Nicolas de Tolentino, Ilocos Sur, Filipinas.
Chegou flutuando na mesma caixa da 'Virgem Milagrosaa'
Por sua vez, os pescadores de Badoc conseguiam mover a estátua da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe do Bom Conselho com facilidade, mas não conseguiram mover a imagem do Nazareno Negro.

Por isso cada grupo levou a imagem que podia carregar para a sua respectiva cidade, onde se tornaram os santos padroeiros.

A imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, hoje mais conhecida como “A Virgem Milagrosa” se encontra na igreja da paróquia de São João Batista em Badoc, onde recebeu coroação canônica pelo episcopado e pelo Papa. A imagem estava na igreja de Santo Agostinho em Nagasaki até a fuga.

Pouco se sabe como ela foi parar no caixote, no mar, e, pela corrente marítima atingir as Filipinas. Sabe-se que o pároco da igreja, Pe. Fernando de São José e o catequista Andrew Yoshida foram decapitados em 1617.

Em Nagasaki continuou a prática do catolicismo, ainda que clandestino. Ali morreram mártires 24 frades cujos nomes são conhecidos; 57 membros da Ordem Terceira e 47 membros da Arquiconfraria da Cintura.

Talvez alguns agostinianos escondidos em “missões clandestinas”, que sentindo à morte, e não tendo onde guardar as imagens, as embalaram numa caixa e a colocaram no mar para que Deus as conduzisse a bom porto.

Até hoje, anualmente, a imagem da Mãe do Bom Conselho é conduzida em procissão até o local onde o caixote foi resgatado.



2 comentários:

  1. Interessante conhecer a história do cristianismo nesses países do extremo Oriente!
    Já tinha ouvido falar da imagem do Cristo negro nas Filipinas, mas não sabia que essa imagem tinha origem no Japão.

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  2. Achei interessante o texto. A partir da história das duas imagens sacras, se tem um pouco da história do cristianismo no Japão e nas Filipinas.

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